Detalhes sobre o caso foram atualizados nesta segunda-feira (6)
Na manhã desta segunda-feira (6), durante entrevista coletiva na Delegacia Regional de Capão da Canoa, a Polícia Civil apresentou detalhes da investigação sobre o caso de envenenamento ocorrido em Torres, no Litoral Norte gaúcho, em dezembro passado. O incidente resultou na morte de três pessoas e na hospitalização de outras três. Segundo as autoridades, a suspeita teria misturado arsênio na farinha utilizada para produzir o bolo consumido pelas vítimas.
O delegado Marcos Vinícius Veloso, responsável pelo caso, informou que a suspeita foi presa temporariamente no domingo (5), com base em provas “robustas” que indicam seu envolvimento. Embora o grau de parentesco entre Zeli Terezinha Silva dos Anjos (que preparou o bolo) e a suspeita presa não tenha sido confirmado, informações preliminares sugerem que se tratavam de sogra e nora, respectivamente. A suspeita e o marido dela (filho de Zeli), não participaram da confraternização realizada em 23 de dezembro.
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De acordo com Marguet Inês Hoffmann Mittmann, diretora do Instituto Geral de Perícias (IGP), análises laboratoriais identificaram concentrações extremamente elevadas de arsênio nas amostras de sangue, urina e conteúdo estomacal das vítimas, bem como no bolo consumido. “Encontramos uma amostra de farinha com níveis de arsênio 2.700 vezes maiores que os do bolo, o que comprova que o veneno foi introduzido diretamente na farinha”, afirmou.
Os investigadores apontam que o crime pode ter sido motivado por desentendimentos familiares antigos, de mais de 20 anos. Apesar de a convivência ser descrita como “harmoniosa”, existiam atritos envolvendo a suspeita. A farinha contaminada foi localizada na casa onde o bolo foi preparado, em Arroio do Sal, mas as evidências indicam que o arsênio foi introduzido antes de chegar ao local.
Outro aspecto investigado é uma possível conexão entre este caso e a morte do marido da mulher que preparou o bolo, ocorrida três meses antes. A exumação do corpo foi autorizada pela Justiça e será realizada nos próximos dias. Segundo o IGP, mesmo após o tempo decorrido, é possível detectar metais como o arsênio nos tecidos corporais.
O inquérito tem prazo inicial de 30 dias, podendo ser prorrogado.
Relembre o caso
Em 23 de dezembro, seis pessoas da mesma família passaram mal após consumir um bolo que continha arsênio, segundo análise pericial da Polícia Civil. Três pessoas morreram: Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, e Maida Berenice Flores da Silva, 59, irmãs de Zeli, além de Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47, filha de Neuza.
Zeli, responsável por preparar o bolo, permanece internada na UTI, em estado estável, conforme boletim médico. Um menino de 10 anos, neto de Neuza e filho de Tatiana, também precisou de hospitalização, mas já recebeu alta. Uma sexta vítima, um homem da família, foi liberado após atendimento médico.