Ele conta que começou a trabalhar cedo, com 11 anos, e hoje sua sapataria já possui 60 anos
O sapateiro Wilson Luis Sachett, de 86 anos, conquistou, na noite desta quarta-feira (19), o título de Cidadão Emérito da Câmara Municipal de Caxias do Sul. No mesmo instante, conquistou a plateia, que não se conteve diante das palavras cheias de emoção entoadas pelo homenageado: “Graças a vocês e a muita gente, tenho o que tenho. A cidade foi crescendo para nós. Por isso, quero agradecer à cidade. Aqui, conheci minha esposa. Tenho uma vida muito boa. Não sei se sou merecedor de tanto. Procuro agradecer a cada um sorrindo e não reclamando até porque espero que voltem lá me ver. Com humildade, digo para minha família e a vocês: primeiro a Deus, depois, a vocês, me inclino, dizendo, obrigado”.
Da tribuna, Sachett externou gratidão aos vereadores, em especial ao proponente da honraria, parlamentar Lucas Diel (PDT). O sapateiro sente orgulho de dizer que sempre precisou de muita gente e nunca ouviu a palavra não. “Agradeço a todos e espero que continuem sendo meus amigos. Considero-me um cidadão caxiense de verdade. Vi a cidade crescer e minha paixão por ela foi aumentando”, frisou, recebendo aplausos. Entre as pessoas que não conseguiram evitar as lágrimas, o presidente da Câmara, vereador Zé Dambrós, que conduzia a solenidade e fez questão de elogiar Sachett pela disposição de viver sempre “sorrindo” e sem reclamar.

A distinção recebida por Sachett reconhece os relevantes serviços prestados por ele à comunidade caxiense. Ela foi aprovada por todos os vereadores e quem fez o pronunciamento representando toda a Casa, nesta noite, foi o principal proponente, vereador Lucas Diel (PDT). “É Caxias que lhe homenageia e reconhece sua pessoa, todo seu trabalho, a sua vida. Ao falar do seu Wilson, lembro da minha infância, quando cheguei aos cinco anos de Porto Alegre para morar em Caxias com a família. Íamos conversar com ele porque sempre tinha um sorriso no rosto. Estamos homenageando uma pessoa humilde, simples. Tem uma profissão de grande relevância social e que seu Wilson desempenha com muito orgulho”, salientou Diel.
O parlamentar explicou que sapateiros exercem uma função artesanal, quase em extinção, simples, mas exigente em termos de técnica. “É útil para a sociedade. Quando se fala em sustentabilidade e economia, lembramos de serviços como esse. Com o martelinho (de consertar sapatos), Wilson foi conquistando clientes. Muitas empresas não chegam a cinco anos de vida e ele está com sua sapataria há seis décadas. É uma honra para nós homenageá-lo”, sublinhou Diel, após detalhar a trajetória do homenageado, que foi seu vizinho.

Conheça mais sobre o homenageado:
– Wilson Luis Sachett nasceu na localidade de Santo Anselmo, bairro de Ana Rech, em Caxias do Sul, no dia 16 de abril de 1937. É filho de João Sachett e Catharina Todero Sachett, e começou a trabalhar cedo, com 11 anos de idade. Iniciou na fábrica de calçados da família. Estudava de manhã no Colégio Murialdo e, à tarde, aprendia o ofício de sapateiro com o pai e o tio.
– Ao completar 18 anos, serviu ao quartel em Santa Maria. Retornando para Caxias, abriu uma sociedade chamada Irmãos Sachett, que durou sete anos. Fabricavam calçados, botas e sapatos.
– Em 1963, decidiu abrir uma sapataria. Com o apoio do irmão Alcides, adquiriu o ponto onde o negócio está localizado há 60 anos, na Rua Pinheiro Machado. O começo não foi fácil, registram os autores, pois, além de trabalhar, dormia no local e fez isso por 14 anos. Na Época, os prédios eram de madeira, a Rua Pinheiro Machado não tinha calçamento, o viaduto da Júlio de Castilhos ainda não existia. Nessa sala, Wilson viu a cidade de Caxias do Sul crescer e se expandir.
– É casado há 45 anos com Maria Elizabeth Dannenhauer Sachett, com quem tem dois filhos: Leandro e Lucas; dois netos: Vitor e Gabriel; e duas noras: Cinara e Gicele.
– Wilson gosta de trabalhar, passear, ficar com a família e jogar futebol. Foi fundador do Esporte Clube Atlético União, de Ana Rech, atuou no Teatro Murialdo e tocou por cinco anos em uma banda.

Fotos | Crédito: Vania Marta Espeiorin/Câmara Caxias