Na quarta-feira (14), o repórter do Grupo Solaris, Filipe Brogliatto, visitou dois municípios do Vale do Taquari e compartilha sua experiência
Um ditado popular diz que “o que os olhos não veem, o coração não sente”, e isso se comprova ao testemunharmos de perto a devastação causada pela enchente no Vale do Taquari neste mês de maio. Apenas quem esteve lá pode realmente entender.
Na terça-feira, dia 14 de maio, quase duas semanas após o início da histórica cheia do Taquari, acompanhei um grupo de voluntários que partiram de Flores da Cunha e Caxias do Sul para fornecer ajuda às vítimas. Eram sete pessoas em cinco camionetes, carregadas com sanduíches, cestas básicas, produtos de higiene e limpeza, água mineral e roupas.
No percurso entre a Serra gaúcha e o Vale, já se percebia a gravidade da situação. Pontos de bloqueio, deslizamentos de terra, estradas acessíveis apenas por camionetes e devastação por toda parte.
Descrever o cenário como uma guerra, especialmente em Roca Sales, não é exagero. Caminhões e tropas do exército chegam incessantemente. Helicópteros sobrevoam a região constantemente para resgatar e entregar suprimentos e doações. Oficiais da Brigada Militar, Polícia Civil e outras forças de segurança trabalham em abrigos temporários, nas entradas e saídas da cidade e em diversos outros pontos para garantir a segurança das vítimas.
Apesar da tragédia, há indivíduos de má fé que, insensíveis ao sofrimento alheio, saqueiam lojas e residências abandonadas pelos proprietários em busca de segurança.
Tanto em Roca quanto em Encantado, as duas cidades visitadas junto aos voluntários, há muitas casas vazias e outras completamente destruídas. No entanto, os mais corajosos já começam a retornar para iniciar a limpeza do barro que invadiu as residências, alcançando até o segundo piso de algumas construções.
Apesar de tudo, ao percorrer as ruas das cidades, é visível a solidariedade e cooperação entre as pessoas. Infelizmente, cada cidadão já conhece o papel que precisa desempenhar após uma tragédia como essa, afinal, para muitos, é a terceira ou quarta vez que perdem tudo em cerca de oito meses, devido às frequentes cheias do rio.
Enquanto testemunhamos a resiliência e a solidariedade dessas comunidades diante da adversidade, é crucial que não apenas ofereçamos ajuda imediata, mas também que continuemos a apoiá-las em sua jornada de reconstrução. Que possamos não apenas ver com os olhos, mas sentir com o coração e agir com compaixão.