Caroline Beatris da Silva revela o lado feminino de uma categoria dominada pelos homens
Comemoramos nesta quinta-feira (25), o Dia do Motorista. No volante de um caminhão, ônibus ou carro, a categoria é responsável por transportar pessoas, mercadorias, alimentos e muitos outros insumos e produtos, ou seja, é uma das mais importantes do país.
O ato de dirigir – que para muitos é um hábito diário – para esses profissionais é uma maneira de ganhar a vida. O trabalho exige muita habilidade para levar sustento para a família. Jornadas exaustivas, perigos do trânsito e cumprir prazos fazem parte das dificuldades e riscos da rotina dos motoristas.
Nos últimos dias, a reportagem do Grupo Solaris conversou com alguns profissionais do volante para saber um pouco mais como é a atividade rotineira de taxistas, motoristas de aplicativo e caminhoneiro.
A primeira profissional que conversamos foi a motorista de aplicativos, Caroline Beatris da Silva, de 35 anos. A caxiense, representante do universo feminino do mundo do volante, e que há quatro anos é motorista de aplicativo se diz satisfeita com a profissão que escolheu.
Mãe de dois filhos, um menino de 12 anos e outro de 2 anos e oito meses, Carol, consegue dar conta de uma carga horária em que divide o tempo entre a vida familiar com o marido e os filhos e a profissão que escolheu.
Como foi que você começou a dirigir veículos de app?
Eu vim pro aplicativo através de uma amiga minha que já fazia trabalhava no app, me convidou, me mostrou que era legal e eu vim. Eu particularmente adoro dirigir, é uma das coisas que eu mais gosto, adoro conversar com as pessoas, então pra mim é prazeroso.
Seu início foi bem no meio da pandemia?
Sim, eu comecei exatamente naquela uma semana antes de fechar tudo em Caxias do Sul. Naquele primeiro momento eu me arrependi, porque na época eu estava pagando o carro e eu pensei, ‘e agora faz como’? Eu fiz um tempo ali que foi super bem e aí fechou.
Já passou por alguma situação de preconceito por desempenhar uma profissão que uma vez era masculino?
Eu tenho muito orgulho de saber dirigir e eu acho lindo as mulheres que dirigem, a caminhoneira, a motorista de ônibus e tal.
Eu não vou te dizer que eu tenho que eu sinto preconceito mas a gente nota que principalmente quando eu levo o homens mais velhos eles querem me ensinar, como se eu não soubesse dirigir, então tem um pouco de preconceito sim.
Tem o fato do trânsito, que muitas vezes eles verem que eu sou mulher, eles não me dão lado. Tem o fato que algumas vezes eles me dão lado porque eu sou mulher. É, tem várias situações assim.
Mas, no geral, eu posso dizer que não tem o preconceito. Eu, pelo menos, não sinto. E, se acontece, eu faço de conta que não escuto, que daí passa despercebido.
No meio de tudo isso você ficou grávida e trabalhou até os últimos dias da gravidez, como você conseguiu?
Eu não tive problemas na gravidez, então eu pude trabalhar até quase os últimos dias. Meu filho nasceu em novembro e eu trabalhei até o final do mês de outubro.
Teve algum momento complicado que você passou?
Olha, eu tenho até vergonha de falar, mas teve uma situação que sem saber, eu fui com o passageiro buscar drogas, fiquei sabendo só na hora. A gente fica meio assim, Mas fazer o que né? Eu estava ali e não tinha como voltar. São coisas que a gente aprende com o tempo e hoje com a prática eu já sei diferenciar esse tipo de corrida e não vou mais.
Qual foi o momento mais curioso que você presenciou nestes quatro anos?
Uma vez eu levei um cara em uma viagem, lá em Ana Rech, e o homem dormiu. Eu fui dirigindo tranquilamente e o homem dormiu. Eu cheguei lá, e pensei como é que acordo o homem?
Aí eu falei o nome dele uma vez, duas vezes, três vezes, aí se eu pegasse na perna dele ele levava um susto. Aí ele acordou e disse: Nossa moça! Foi uma viagem tão tranquila que eu até dormi e isso me deixa muito gratificante porque se a pessoa confia na minha mão, aqui tá tudo certo.
Dando sequência a comemoração ao dia do Motorista, nesta sexta-feira (26), vamos contar a história do taxista Marcos Flores, que há 13 anos carrega passageiros em Caxias do Sul.
Dia do motorista
A ideia para o dia do motorista teve influência religiosa. No calendário cristão, o dia 25 de julho é o dia de São Cristóvão. O santo é conhecido como padroeiro dos motoristas e viajantes.
A história por trás do dia do motorista é bem antiga. Conta-se que São Cristóvão evangelizava pessoas enquanto servia como ponte, carregando-as de um lado a outro de um rio. E assim, a data foi escolhida e adaptada para celebrar o trabalho daqueles que passam parte do dia atrás do volante, servindo as pessoas.