Encontro com lideranças empresariais marca mais uma etapa das negociações para trazer a universidade federal para a região
A instalação de um campus da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na Serra Gaúcha, uma demanda histórica da região de mais de 50 anos, foi tema de uma reunião realizada na noite desta quarta-feira (26) na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias). O encontro reuniu cerca de 60 participantes, entre lideranças empresariais, representantes de sindicatos patronais e membros do setor público.
A negociação para trazer o campus da UFRGS para a Serra avança para uma nova fase. No ano passado, uma vistoria técnica foi realizada no Campus 8 da Universidade de Caxias do Sul (UCS), apontado como possível sede da unidade, seguida de uma reunião política na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. Agora, o debate ganha o reforço das lideranças empresariais, que passam a integrar as discussões para consolidar a viabilidade do projeto.
Durante a reunião, a reitora da UFRGS, Márcia Barbosa, acompanhada dos professores Fabian Domingues e Liane Loder, destacou o compromisso da universidade em compreender as demandas da região e avaliar a viabilidade da nova unidade. Segundo a reitora, a proposta inicial contempla a oferta de seis cursos alinhados às necessidades do mercado e do setor público, com foco em áreas estratégicas para o desenvolvimento regional. Na oportunidade, ela também anunciou o desejo de realizar o primeiro vestibular da UFRGS na Serra ainda neste ano, com início das aulas previsto para março de 2026.
Outro ponto abordado foi a necessidade de um currículo que permita aos estudantes conciliarem os estudos com o emprego, dada a alta taxa de empregabilidade da região. Márcia também ressaltou a importância da extensão universitária para aproximar os jovens do mundo do trabalho, mencionando iniciativas já desenvolvidas pela UFRGS, como projetos de robótica voltados para meninas.
O presidente da CIC, Celestino Oscar Loro, enfatizou o impacto positivo que a presença da UFRGS pode ter na qualificação da mão de obra regional, contribuindo para o fortalecimento econômico e social da Serra Gaúcha. O dirigente também destacou a necessidade de flexibilização dos horários dos cursos, de forma a atender ao perfil socioeconômico dos estudantes da região.
A reitora Márcia Barbosa mencionou a possibilidade de a instituição evoluir para um modelo autônomo no futuro, a exemplo da Universidade Federal do Pampa (Unipampa). Além disso, salientou a importância de um modelo educacional que integre o conhecimento acadêmico às estruturas industriais da região, promovendo uma formação mais conectada com o mercado de trabalho. “O que queremos implementar aqui não é uma ‘engenharia encastelada’, mas sim uma engenharia conectada com a realidade do mercado”, afirmou.
Como próximos passos, a comissão da UFRGS prometeu seguir em diálogo com as lideranças locais para detalhar o projeto do campus, incluindo a definição final dos cursos a serem ofertados e as condições para a aquisição do Campus 8.
A reunião foi intermediada e contou com a participação da deputada federal Denise Pessôa, da vice-presidente de Comércio da CIC Caxias, Idalice Manchini, diretores e conselheiros da entidade, além de representantes da Associação das Entidades Representativas de Classe Empresarial Gaúcha (CICS Serra) e vereadores.