Comércio gaúcho deve ter o melhor desempenho em cinco anos em 2024
Em 2024, o comércio varejista do Rio Grande do Sul registrou o melhor desempenho dos últimos cinco anos. Entre janeiro e setembro, as vendas apresentaram crescimento de 7,5% no Comércio Varejista e 7,9% no Varejo Ampliado em comparação ao mesmo período de 2023, conforme aponta o Panorama do Comércio da Federação Varejista do RS.
A projeção para o fechamento do ano indica índices ainda positivos, embora com um ritmo de crescimento mais moderado, semelhante a anos anteriores. O Varejo Ampliado deve fechar o quarto trimestre com variação de 6%, levando o acumulado anual para 7,4% acima do registrado em 2023. A expectativa para 2025 também é otimista, com previsão de crescimento moderado e estabilidade nos indicadores de consumo.
Desde 2020, durante o auge da pandemia, o Varejo Ampliado não apresentava resultados tão expressivos. No Comércio Varejista, apenas 2022 registrou índice superior, com 8% de crescimento nos primeiros nove meses do ano. Em 2024, os índices estaduais superaram os nacionais, que registraram alta de 4,8% no Comércio Varejista e 4,5% no Varejo Ampliado.
Mesmo em períodos desafiadores, como as cheias de maio, o setor mostrou resiliência, registrando crescimento de 0,4% em comparação ao mesmo mês de 2023 e picos de 13% em julho. Apesar disso, o ritmo desacelerou no terceiro trimestre, com variações de 9,8% em julho, 7,7% em agosto e 5,8% em setembro.
Segundo Ivonei Pioner, presidente da Federação Varejista, superar as altas atuais será um desafio para o setor em 2025. “Considerando que precisamos observar, também, os movimentos da conjuntura político-econômica em âmbito global e nacional, que podem impactar o cenário gaúcho, os indicadores apontam que teremos um próximo ano de leve crescimento e estabilidade nos números do varejo”, avalia Pioner.
Reconstrução do Estado impulsiona segmentos do comércio
Os dados do Panorama do Comércio apontam que o consumo de produtos básicos teve destaque em 2024. O segmento de hipermercados e supermercados, que cresceu 2,6% em 2023, alcançou alta de 12,5% nos primeiros nove meses deste ano.
Outros segmentos também registraram recuperação significativa, como atacados especializados em produtos sintéticos, bebidas e fumo, que cresceram 8,4%, revertendo a retração de -12,5% do ano anterior. A reconstrução do Estado após as cheias impulsionou setores como:
- Equipamentos e materiais de escritório: crescimento de 19% (frente a -5,5% em 2023);
- Móveis e eletrodomésticos: alta de 10,4% (após queda de -3,1% em 2023);
- Materiais de construção: avanço de 8,6% (contra -0,1% no ano anterior).
Já o consumo de tecidos, vestuário e calçados aumentou 4%, revertendo a retração de -8,1% em 2023. O segmento de artigos farmacêuticos manteve alta consistente, com crescimento de 11,4%, superando os 5,8% registrados no ano passado.
Por outro lado, combustíveis e lubrificantes enfrentaram queda de -3% entre janeiro e setembro, contrastando com a alta de 5,6% de 2023. Segmentos como livros, jornais e papelarias (-10,3%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,2%) mantêm a tendência de queda observada anteriormente.
Mais emprego e renda impulsionam perspectivas para 2025
A redução do desemprego, que caiu para 5,1% no terceiro trimestre de 2024, e o aumento da renda média real dos gaúchos, que atingiu R$ 3.599 no segundo trimestre, são fatores que sustentam a projeção positiva para 2025.
Além disso, a inadimplência apresentou queda de 14,6% em junho em relação ao mesmo período de 2023, permitindo a reinserção de novos consumidores no mercado. Contudo, 85% dos endividados seguem como reincidentes, reforçando a necessidade de educação financeira.
Desafios e cuidados com o controle da inflação
A Federação Varejista alerta para o impacto de setores em dificuldade, como Serviços, que teve retração de -8% nos três primeiros trimestres, e Indústria, que caiu -0,2%. Essas quedas podem limitar o potencial de crescimento do varejo, especialmente no final do ano.
As projeções nacionais apontam crescimento de 2,4% para a Indústria, 2% para o Agro e 1,9% para os Serviços em 2025, segundo o relatório Focus. No entanto, o controle da inflação será essencial para evitar perda de poder de compra e garantir o equilíbrio entre crescimento e estabilidade econômica.