Erasmo Battistella destacou potencial do Estado para liderar produção de combustíveis renováveis
A transição energética foi apresentada como uma oportunidade concreta de desenvolvimento para o Brasil — e, em especial, para o Rio Grande do Sul — durante a reunião-almoço (RA) da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias), realizada nesta segunda-feira (14). O palestrante foi Erasmo Carlos Battistella, presidente da Be8, maior produtora de biodiesel do país.
Com o tema “Transição energética: desafio ou oportunidade”, Battistella defendeu que o setor produtivo precisa assumir protagonismo diante da lentidão nas políticas públicas. Ele lembrou os impactos das mudanças climáticas, como as enchentes que atingiram o RS em 2024, e citou dados alarmantes sobre o aquecimento global. “A conta chegou. Precisamos de novos comportamentos e ações imediatas”, alertou.
Líder no segmento, com 11% de participação de mercado, a Be8 tem sede em Passo Fundo e operações em sete estados, além de escritórios comerciais na Suíça e nos Emirados Árabes. O executivo apresentou os principais projetos da empresa, entre eles o BeVant, biocombustível que pode substituir 100% do diesel fóssil com até 99% menos emissões. O produto está em fase de testes no Centro Tecnológico da Randon, em parceria com a Gerdau. “Esse produto está sendo validado para diferentes modais e pode ajudar o País a reduzir emissões sem precisar trocar frota nem infraestrutura de abastecimento”, destacou.
Outro destaque foi o anúncio de um investimento de R$ 1,5 bilhão na construção de um complexo multitecnológico entre Passo Fundo e Carazinho. A unidade irá produzir etanol, energia elétrica e coprodutos derivados do milho e do trigo. “Hoje o RS importa 100% do etanol que consome. Esse projeto muda esse cenário”, afirmou.
Battistella também abordou os desafios logísticos do setor, criticando o abandono da malha ferroviária gaúcha após as enchentes e defendendo concessões para atrair investimentos em infraestrutura. “Se o governo não consegue investir, que acelere os processos de concessão. O setor produtivo está pagando caro pela omissão”, defendeu.
Sobre o cenário internacional, ele revelou que, apesar das exportações mensais para a Europa, as vendas aos Estados Unidos estão suspensas por causa da instabilidade tarifária. “Falta previsibilidade. Isso afasta os importadores”, disse.
Além do setor energético, o grupo comandado por Battistella tem ampliado sua atuação na educação e na construção civil, com a revitalização do tradicional Colégio IE em Passo Fundo e a construção de um novo complexo multiuso na cidade. Ele também preside a Câmara de Comércio Itália–RS, reestruturada neste ano ao lado do empresário Neco Argenta e do cônsul-honorário da Itália em Caxias do Sul, Gelson Castellan. O novo escritório em Porto Alegre deve ser inaugurado entre setembro e outubro.
A reunião-almoço teve a abertura do presidente da CIC, Celestino Loro, que destacou a importância do debate sobre energia. “Esse é um tema estratégico, que impacta diretamente na competitividade das nossas empresas”, afirmou.