Desde maio deste ano, mais de 60 crianças e adolescentes vêm frequentando as aulas
Um estudante quando está em paz não quer guerra com ninguém. E é exatamente isso o que propõe o projeto Bom de Nota, Bom de Tom, que conta com apoio da Prefeitura de Caxias do Sul. A iniciativa é desenvolvida pela Associação Para Esporte e Cultura (APEC-Sul) com patrocínio da CPFL, através da Lei de Incentivo à Cultura (LIC). Desde maio deste ano, mais de 60 crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, de seis escolas da rede pública municipal localizadas na Zona Oeste vêm frequentando aulas gratuitas de música na Praça Estação Cidadania, no bairro Cidade Nova, durante o contraturno escolar.
Nesta quinta-feira (28), a partir de 18h30, toda comunidade – mas principalmente, as famílias – terão oportunidade de conferir o que a garotada aprendeu nestes primeiros três meses de contato com violões, flautas doces e um palco. As atividades vêm ocorrendo às segundas, terças, quintas e sextas-feiras, nos dois turnos, com alunos e alunas das Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEFs) Cidade Nova, Desvio Rizzo, Érico Cavinatto, Machado de Assis, Nova Esperança e Paulo Freire. Os jovens artistas mostrarão o resultado do trabalho desenvolvido com os professores em um sarau, no próprio cinema da Estação Cidadania.

Eventualmente, ocorrem crises:
“Que que houve?”, pergunta a professora de violão Isabella Santelli, em um dos últimos ensaios antes do espetáculo, para a estudante que soa o alarme das queixas no canto direito da ferradura formada pelos músicos em suas cadeiras.
A situação é rapidamente transformada em mais uma lição para quem pretende levar a arte aonde o povo está:
“Quebrou a unha? Não tem problema. Vocês vão ver que eu tenho dedo com uma unha mais comprida que a outra. É normal. Quando se toca violão, é assim mesmo”, ensina Isabella, que desta vez ainda não mostrou aos aprendizes os calos e bolhas característicos nas mãos de quem leva a vida nas cordas.
Ou o fôlego necessário para se manter na flauta, como o professor Rafael Dambros.
Não é só glamour o showbusiness.
Melhoria no desempenho escolar
Se alguém quiser saber como está o andamento do projeto Bom de Nota, Bom de Tom, desenvolvido com apoio da Secretaria Municipal da Educação (SMED), em parceria com a Secretaria Municipal da Cultura (SMC), não precisa nem esperar a abertura das cortinas para o sarau desta quinta-feira (28), às 18h30, na Estação Cidadania. Basta perguntar a algum professor ou familiar de estudante envolvido nas aulas gratuitas de música o que observou apenas nos últimos três meses.
“Todos os relatos, de pais e professores, falam que os estudantes estão muito mais frequentes e com maior capacidade de manutenção da concentração durante as atividades escolares”, revela o professor e assessor pedagógico de projetos da SMED, Edelvan Borelli.
A constatação pode servir como combustível para as tratativas de expansão e extensão do projeto no próximo ano letivo. A viabilidade passa pela captação de recursos. Atualmente, a iniciativa conta com os professores Isabella Santelli (violão) e Rafael Dambros (flauta doce), além da auxiliar de coordenação Nathalia Casagrande.
“Os estudantes amam a música e a arte. Percebemos que eles sentem muita falta de praticar mais ao longo das semanas e até mesmo nas escolas. Os alunos e alunas que temos no projeto valorizam muito os professores e se dedicam bastante para entender o que é cada instrumento e como funciona. A maioria costuma não faltar às aulas e está bem animada para nossa apresentação. Eles se sentem bem no projeto, se sentem seguros conosco e acredito que este é nosso maior ganho”, afirma Nathalia.
Na turma que levará ao público, nesta quinta-feira (28), sucessos como Semente, de Armandinho, Anjo do Céu, do Maskavo, e Só Os Loucos Sabem, de Charlie Brown Júnior, será fácil enxergar no palco um violão que parece banhado em todos os tons de rosa do filme da Barbie. Presente dos pais para Tabata Ludwig, 12 anos, matriculada no 5º ano da EMEF Érico Cavinatto, e participante do Bom de Nota, Bom de Tom.
“Ela que quis fazer as aulas. Está fazendo também a de flauta doce. E está adorando, está sendo ótimo para ela. Está ajudando um monte na dislexia, que é uma coisa que atrapalha ela na escola. Com a música ela fica muito concentrada, está evoluindo muito”, comemora a mãe, Marilei Ludwig.