Relatório do IBGE aponta queda de 5,8% nos nascimentos e aumento de 4,6% nos óbitos em 2024, evidenciando mudança profunda na dinâmica demográfica do país
O Brasil encerrou 2024 com 2,38 milhões de nascimentos, uma queda de 5,8% em relação aos 2,52 milhões registrados em 2023. O dado, divulgado nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), representa a maior redução anual em duas décadas, superando o recuo anterior de 5,1% entre 2015 e 2016.
Com isso, o país chega ao sexto ano consecutivo de redução no número de nascidos vivos, aprofundando a tendência de envelhecimento populacional e baixa reposição demográfica — um comportamento já observado em diversas nações em estágio avançado de transição.
Óbitos aumentam e retomam padrão pré-pandemia
O levantamento também mostra que o Brasil registrou quase 1,5 milhão de mortes em 2024, alta de 4,6% em relação ao ano anterior. É o maior crescimento em 20 anos quando desconsiderado o período pandêmico, que alterou significativamente o padrão de mortalidade no país.
Mesmo com o aumento, o número de óbitos segue 0,6% abaixo de 2022, ano ainda impactado pelos efeitos da covid-19. Os dados foram coletados em mais de 8 mil cartórios de registro civil, compondo um dos principais retratos oficiais da evolução demográfica brasileira.
Predomínio de causas naturais e alta mortalidade masculina
O relatório mostra que 90,9% das mortes registradas em 2024 ocorreram por causas naturais. Outros 6,9% estão ligados a causas não naturais — homicídios, suicídios, acidentes de trânsito, afogamentos e quedas acidentais. Em 2,2% dos registros não houve indicação da causa.
A desigualdade de gênero permanece marcante. Para cada 100 mulheres que morreram, 120 homens vieram a óbito. A diferença é ainda mais acentuada entre mortes não naturais: foram 85,2 mil óbitos masculinos, número 4,7 vezes superior ao de mulheres (18 mil).
Entre jovens de 15 a 29 anos, a disparidade chega ao nível mais extremo: a sobremortalidade masculina por causas externas é 7,7 vezes maior que a feminina.
Mais meninos nascem, mais homens morrem
O levantamento também destaca que, em 2024, nasceram 105 meninos para cada 100 meninas, proporção semelhante ao padrão mundial. No entanto, a combinação entre menor natalidade e maior mortalidade masculina reforça um desequilíbrio que tende a impactar a estrutura etária e a composição populacional do país nos próximos anos.
Tendência demográfica em transição acelerada
Com nascimentos em queda acentuada e óbitos voltando a crescer, o Brasil se aproxima de um dos pontos mais relevantes de sua trajetória populacional: o encolhimento natural, quando o número de mortes supera o de nascimentos — cenário já registrado recentemente em outros países latino-americanos e europeus.
Os dados de 2024 consolidam um cenário de transição demográfica acelerada, que deverá repercutir em políticas públicas de saúde, educação, previdência e mercado de trabalho.