A Rádio Solaris esteve produzindo entrevistas alusiva ao Outubro Rosa com mulheres que simbolizam a causa
No mês de Outubro a Rádio Solaris traz uma série de entrevistas com mulheres que lutam e lutaram contra o câncer de mama.
Adelita Faraon, moradora de Antônio Prado, tinha 36 anos, quando sua vida passou por um período que a transformaria para sempre.
A triste notícia
O ano era 2019, e Faraon sentia alguma dores no seu braço direito, próximo a sua axila, dores essa que a fizeram procurar ajuda médica. Após muita insistência e a passagem por três diferentes profissionais, a notícia mais temida chegou, o diagnóstico confirmou câncer de mama triplo negativo, daqueles mais agressivos que acomete em mulheres mais jovens.
O resultado de prontidão trouxe lembranças para ela e sua família. Sua mãe, Lorita Faraon, também teve câncer e seu tratamento não foi nada fácil. Além de que em momentos como esse um filme passa na cabeça, e para ela não foi diferente a reflexão sobre sua vida veio a tona, mas junto também uma certeza. “Eu tinha duas opções, me entregar a doença ou lutar, e eu escolhi lutar.”
Com o diagnóstico confirmando a doença foi feito uma séria de exames genéticos para entender melhor do que se tratava e nisso foi descoberto uma mutação, o gene BRCA1, mesmo gene encontrado na atriz Angelina Jolie, significando que o risco de desenvolver alguns tipos de câncer é maior, e entre eles o câncer de mama.
A família também precisou passar por exames, pois casos assim são herdados e podem ser passados por gerações. Em sua família apenas sua mãe apresentou o mesmo gene.
O tratamento
Devido a sua idade e a agressividade, o tratamento precisou iniciar o mais breve possível, e da mesma forma que o câncer era agressivo, ele respondia bem a quimioterapia, que foi seu primeiro processo. Sua mãe que também havia passado por este tratamento não tinha estado muito bem durante o processo, porém Faraon sempre seguiu com otimismo, uma esperança e crença que ultrapassava os olhares ou preocupações externas, o foco na recuperação era seu objetivo.
Após 16 sessões de quimioterapia, 12 brancas e 4 vermelhas, em outubro, mês do término do tratamento, seu câncer havia desaparecido por completo, e ela passou muito bem durante o tempo, tanto que segundo os próprios médicos e pacientes que estavam junto a ela no processo não conseguiam enxergar uma pessoa doente, sua vida seguiu normal, apenas com um novo grande desafio.
Mesmo com as quimioterapias tendo surtido tamanho efeito a cirurgia deveria ser feita, e foi em novembro que aconteceu o procedimento. Segundo Faraon foi uma cirurgia muito demorada na qual foram feitos vários testes e ao final, uma boa notícia, todos os testes deram negativos seu câncer de mama estava curado.
Por fim vieram as radioterapias no qual foram feitas 25 sessões em Bento Gonçalves que seguiram até fevereiro de 2020.
Para sua mãe foi um período difícil eram bastante coisas para conciliar e existia toda preocupação entorno do que poderia acontecer, mas Faraon sempre exaltou seu otimismo e uma grande crença de que poderia aprender com isso, nunca se questionando o porque de ser com ela. “O que eu tenho para aprender com tudo isso, o que eu tenho para aprender aqui.”
Metástases
Após todos os tratamentos, novamente uma séria de exames foram feitos, e mais uma batalha surgiu em sua vida, ela foi diagnosticada com Metástases Cerebrais. Novamente sua fé e otimismo foram colocados a prova, um novo tratamento estava por vir.
Com a avaliação do seu caso por um neurocirurgião, foi constatado que por serem pequenas não era necessário cirurgia e o tratamento seria radioterapia aplicada apenas em pontos específicos. Detalhe, neste período o Brasil e o mundo se encontravam no início de uma pandemia com um vírus desconhecido.
Adelita seguiu forte, com uma forma invejável de encarar as coisas, e novamente foi a luta.
Atualmente
Atualmente Faraon segue com seus cuidados, e também com algumas limitações providas das doenças. Ela não está utilizando medicamentos e nem passa por nenhum processo de tratamento.
O que mais chama atenção é sua força de vontade e a forma como foi digerindo as dificuldades que a vida lhe deu. “Não é o que acontece contigo que vai definir tua vida, mas sim o que você faz com aquilo que acontece com você ou o que fazem com você,” complementa a entrevistada.
Para ela a forma de lidar com tudo isso e as amizades e apoios foram o que a deram a força necessária para vencer a doença. “Se eu não tivesse lidado com toda situação desta maneira não estaria aqui.”
Hoje sua vida se tornou mais seletiva e ela passou a aproveitar os momentos entendendo o essencial, e muito mais do que buscar a forma de vida acelerada que o mundo impõem, ela se tornou uma exceção a regra e desacelerou.