Em menos de trinta dias, quatro episódios atingiram pomares no interior de Caxias do Sul
O granizo sempre foi uma grande “dor de cabeça” para os agricultores da região, especialmente nos meses de primavera. Porém, somente nos últimos trinta dias, já ocorreram quatro episódios severos no interior de Caxias do Sul, acarretando prejuízos para produtores de frutas como ameixa, cáqui, uva e pêssego. Os casos aconteceram nas localidades de Bevilacqua, Terceira Légua, Segunda Légua e Fazenda Souza.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SMAPA), Thales Bordignon Milanesi, a ocorrência do fenômeno no verão tem sido cada vez mais frequente, e os prejuízos também. “As telas de proteção auxiliam no enfrentamento do problema, mas não se tem 100% de eficácia em terrenos muito inclinados, como é comum na região”, explica.
Nesta segunda-feira (20), o titular da Secretaria de Agricultura Rudimar Menegotto, visitou a propriedade do agricultor Dalvi Vicenzi, na comunidade Bevilacqua, próximo de Fazenda Souza, onde o granizo devastou 1,5 hectare de pomar de ameixa da variedade Letícia. Foi na última quinta-feira (16) e durou dez minutos. A fruta estava quase pronta para ser colhida e o pomar tinha alcançado uma produtividade recorde de cerca de 50 toneladas (mais de 40 ton por hectare).
Vicenzi e o filho Uiderle tentam colher algum fruto que tenha se salvado dos estragos, porém as perspectivas não são nada boas. “A perda se aproxima de 100%. As pedras de gelo fizeram muitos danos nos frutos. Infelizmente, quase toda produção perdeu o valor comercial”, lamenta Vicenzi. A família também produz cáqui, cujo pomar foi igualmente atingido pelo granizo.
Uma alternativa para amenizar o problema, segundo Menegotto, seria a instalação do sistema antigranizo na região. “É uma tecnologia inovadora, que já foi implantada em quinze municípios de Santa Catarina, onde existe um convênio com a Secretaria Estadual da Agricultura. O sistema usa iodeto de prata, que diminui de tamanho ou até elimina as pedras de gelo antes que elas atinjam as plantações. A queima do iodeto de prata é feita por um gerador. Para saber quando ligar o equipamento, é preciso monitorar o tempo através de radar”, diz.
Para o projeto avançar, uma reunião entre representantes dos municípios da região será realizada em Caxias do Sul no próximo dia 7 de fevereiro. “Precisamos investir em ações que possibilitem ao agricultor conviver com os extremos do clima, para viabilizar a produção agrícola. Por isso, estamos trabalhando para implementar esta alternativa”, defende o secretário.