Adiló Didomenico destaca que 93% dos danos causados pelas chuvas já foram resolvidos
Uma coletiva de imprensa realizada na tarde desta segunda-feira (28), no Salão Nobre do Centro Administrativo de Caxias do Sul, marcou o balanço de um ano desde o início das chuvas que resultaram na maior catástrofe climática da história do Rio Grande do Sul. O prefeito Adiló Didomenico apresentou os dados das ações realizadas desde 29 de abril de 2024 e destacou os investimentos em andamento para reforçar a infraestrutura da cidade.
Segundo o prefeito, as medidas emergenciais priorizaram o salvamento de vidas e a desobstrução de vias estratégicas, como a Estrada da Uva e a Estrada do Imigrante, além de intervenções pontuais em diversas regiões da cidade, incluindo bairros, distritos e o interior.
O Aeroporto Regional Hugo Cantergiani também foi lembrado por Adiló como peça-chave no período, especialmente diante do fechamento do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Em 2025, a pista do terminal caxiense passou por recuperação, e a licitação para ampliação do terminal de passageiros está prevista para maio. “Caxias suportou razoavelmente bem os impactos da enchente, inclusive com destaque para o papel estratégico do aeroporto”, afirmou.
Outra declaração do prefeito durante a coletiva ressaltou o impacto humano da tragédia: “Foi um momento muito difícil que passamos, acho que o pior da história de Caxias. Nossa prioridade sempre foi salvar vidas para depois reconstruir os trechos danificados. Agradeço a todas as forças vivas, entidades privadas e órgãos públicos que se organizaram para nos ajudar. E nós tivemos muita ajuda. A solidariedade do povo gaúcho é muito grande.”
Ao todo, mais de 500 pontos com danos causados pela enchente foram identificados. Cerca de 93% dessas ocorrências já foram resolvidas, com investimento de aproximadamente R$ 20 milhões do município, além de recursos estaduais e federais. Ainda restam obras pontuais, como a recuperação de 13 pontilhões na zona rural.
A Fundação de Assistência Social (FAS) destinou R$ 3,5 milhões em auxílio às famílias atingidas em Galópolis e a Secretaria da Habitação investiu R$ 360 mil em aluguel social para outras famílias desalojadas. Pela primeira vez na história do município, a prefeitura adquiriu terrenos no loteamento já urbanizado Morada do Vale para realocar 40 famílias da Vila Sapo. No mesmo local, serão instaladas 50 casas do Programa A Casa é Sua – Calamidade, do Governo do Estado.
O secretário de Obras, Lucas Suzin, informou que foram protocolados projetos junto ao Governo Federal que somam cerca de R$ 30 milhões. No entanto, apenas R$ 4,5 milhões foram liberados até o momento. Parte dos projetos foi indeferida devido a reparos emergenciais já executados pelo município, enquanto outros seguem em análise. “Tivemos que agir com recursos próprios e, depois, alguns pedidos foram recusados pela União justamente porque as obras já estavam prontas”, explicou.
A área rural foi fortemente afetada. Estimativa da Emater aponta perdas de mais de R$ 108 milhões, envolvendo danos em estradas, erosão do solo e prejuízos à produção agrícola. Para amenizar os impactos, o programa de Máquinas Pesadas destinou R$ 512 mil em serviços subsidiados para 150 propriedades.
Entre as ações de prevenção, a prefeitura lançou o programa “Canaliza Caxias”, com investimento de R$ 80 milhões. O plano prevê obras de drenagem e saneamento em 83 vias urbanas, além da construção de seis tanques de amortecimento de cheias, ao custo de R$ 40 milhões. Também está prevista a construção do túnel de drenagem da Matteo Gianella, avaliado em R$ 60 milhões.
Entre as obras estratégicas, está ainda a construção da chamada Ponte da Cooperação, na divisa com Nova Petrópolis. A estrutura foi executada emergencialmente pelas prefeituras, em parceria com a iniciativa privada, após o Exército, que inicialmente havia começado a obra, desistir da empreitada. A ponte alternativa foi fundamental para garantir a ligação entre os municípios enquanto o DNIT realizava a reconstrução da ponte sobre o Rio Caí, na BR-116.
Um estudo geológico está em andamento em Galópolis, uma das áreas mais afetadas por deslizamentos. O levantamento indicará locais inseguros para novas edificações e vai embasar obras de contenção.
Para promover transparência, foi anunciada uma plataforma digital que vai permitir à população acompanhar, em tempo real, os locais de obras e interdições. A medida foi inspirada na experiência do gabinete de crise montado em 2024, que destacou a importância da comunicação contínua com a população.
Por fim, o município articula um programa regional de combate ao granizo, com a adesão de 13 cidades da Serra Gaúcha e possibilidade de expansão para 15. O projeto, com custo estimado de R$ 15 milhões por ano, aguarda apoio do Governo do Estado.