Conheça o trabalho de produtores em Vila Seca, Vila Cristina, Linha 40 e na 3ª e 6ª Légua
Caxias do Sul é reconhecido como maior produtor de hortigranjeiros do Estado, porém, também passa a ganhar força no cultivo de flores de corte, designação comercial das plantas destinadas ao mercado de eventos e datas comemorativas. Ainda não é possível quantificar a produção, porém os técnicos da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SMAPA) acreditam que o segmento apresenta forte tendência de crescimento.
“O trabalho da equipe técnica é de apoio constante à diversificação da produção, ainda mais quando os empreendedores do meio rural assumem pessoalmente a atividade, trazendo inovação para o campo e a colônia, como por exemplo no cultivo de flores”, afirma o diretor técnico de gestão da pasta, Fernando Vissirini Lahm dos Reis.
Água e nutrientes chegam às plantas por meio de um circuito fechado semi-hidropônico
Em Vila Seca, as irmãs e sócias Daniela e Daiane Catuzzo investiram em uma estufa para produção de quatro espécies de flores de corte: lisianthus (muito usada em casamentos), girassol, mosquitinhos e boca-de-leão. A atividade ainda é recente mas já empolga Daniela, que é a agricultora à frente do negócio. “Eu cuido da parte de plantio, manejo, colheita e entregas. Estamos nos surpreendendo, porque depois de algumas dificuldades iniciais para entrar no mercado local e regional, já não damos mais conta de tantos pedidos”, comemora.
O diferencial do empreendimento é o circuito fechado semi-hidropônico, sistema comum em hortaliças e moranguinhos mas pioneiro para flores de corte em toda região. “Água e nutrientes são fornecidos com irrigação por gotejamento e o que as plantas não absorvem é 100% reaproveitado, retornando para o sistema de forma eficiente e ambientalmente correta”, explica o técnico agrícola da Smapa, Rudinei Giacomelli, que acompanha há anos a evolução da propriedade. A secretaria também auxiliou a família Catuzzo no preparo do terreno e do substrato (material em que as flores são “plantadas”, que no caso é casca de arroz).
Na localidade de São Luís da 6ª Légua, a família Bonatto tem orgulho em mostrar a colorida produção de rosas, dálias e crisântemos. Em outras épocas do ano, também produzem girassóis, copos de leite e palmas. As flores são colhidas e comercializadas semanalmente na feira Ponto de Safra, da qual os Bonatto participam há cerca de 30 anos. Eles colhem e vendem aproximadamente 150 molhos (ramalhetes) de flores a cada semana, ao preço unitário de R$ 3.
Família Bonatto produz flores dez meses por ano
“Para nós o forte da comercialização é a produção de hortaliças, porém as flores são nossa maior paixão”, conta Adriana Cristina Bonatto Cantele, filha do casal Raimundo Bonatto e Ana Romilda Salvador Bonatto. Juntos, eles cuidam da plantação, podam as plantas, transplantam as mudas e, principalmente, fazem o manejo das espécies para que sempre haja flores no ponto de colheita. “Produzimos dez meses por ano. A exceção é o forte do inverno, pois todo cultivo é realizado em campo aberto”, diz Adriana.
A família Bonatto acabou se especializando na produção artesanal, atendendo a uma clientela específica. “É como se fossem artesãos das flores. Eles pesquisam, adquirem plantas e fazem as mudas de espécies à moda antiga, como rosas perfumadas, cravos e dálias matizadas”, observa o técnico agrícola Rudinei Giacomelli. A partir dos galhos, são reproduzidas as flores mais especiais. “Eles têm roseiras que estão há cerca de vinte anos produzindo flores com coloração e perfume intensos”, acrescenta a diretora de Fomento e Agroindústria da Smapa, Andréia Fiorese de Andrade. A família Bonatto gosta de se dedicar também a folhagens para jardim e orquídeas (neste caso em estufas).
Caxias do Sul também possui diversos orquidários. O que diferencia estes estabelecimentos da produção de flores de corte é que as orquídeas geralmente são comercializadas “plantadas” em vasos. Também utilizadas na decoração de eventos, elas costumam conquistar criadores e colecionadores aficcionados pela beleza das plantas. Entre os principais estão os Orquidários do Vale (Vila Cristina), do Pébi (3ª Légua) e Tradição (Linha 40).