Ferramenta de modelagem hidrodinâmica simula avanço da água e reforça ações preventivas da Defesa Civil e dos municípios
O Rio Grande do Sul passou a contar com um novo serviço de monitoramento hidrológico que permite prever a evolução do nível dos rios e identificar áreas com risco de inundação. A ferramenta, baseada em modelagem hidrodinâmica, integra as ações do Plano Rio Grande e é operada pelo Departamento de Gestão de Riscos da Defesa Civil do Estado.
O sistema começou a operar em setembro de 2025 e representa um avanço na capacidade do Estado de antecipar cenários de cheias e eventos extremos. Até então, o governo não dispunha de um serviço próprio com esse tipo de análise detalhada sobre o comportamento dos rios, recorrendo a plataformas abertas e fontes não oficiais durante enchentes recentes, como as registradas em 2023 e 2024.
A modelagem hidrodinâmica permite simular, ao longo do tempo e do espaço, o comportamento da água nos rios, considerando dados de topografia, volume de chuvas e vazão. A partir dessas informações, o sistema projeta a elevação dos níveis, indica se o local está em situação de normalidade, atenção, alerta ou inundação e aponta as áreas potencialmente atingidas.
Segundo o governador em exercício Gabriel Souza, que também preside o conselho do Plano Rio Grande, a ferramenta amplia a capacidade de prevenção. “Com a modelagem hidrodinâmica, o Estado passa a acompanhar e projetar o nível dos rios, qualificando a emissão de alertas e fortalecendo o apoio aos municípios, especialmente diante de eventos climáticos cada vez mais extremos”, afirmou.
Integração de dados
O novo serviço está integrado ao Sistema de Monitoramento e Alerta já existente, que reúne informações de radares meteorológicos, estações pluviométricas e fluviométricas. A consolidação desses dados possibilita previsões mais precisas e a elaboração de planos de contingência com maior antecedência.
De acordo com o chefe da Casa Militar e coordenador estadual de Proteção e Defesa Civil, Luciano Boeira, a previsão do nível dos rios em curto e médio prazo é decisiva para a proteção da população. “Essas informações subsidiam a emissão de alertas e orientam o contato direto com os municípios, responsáveis pela execução dos seus planos de contingência”, destacou.
Além da contratação da modelagem hidrodinâmica, o Estado ampliou a estrutura de monitoramento hidrometeorológico. Em 2025, foram contratadas 130 novas estações, que fornecem dados para 24 bacias hidrográficas. O efetivo da Defesa Civil também foi reforçado, passando a contar com 162 servidores, entre militares e profissionais de diferentes áreas — mais que o triplo do registrado no ano anterior.
Como funciona
Durante a vigência de avisos hidrometeorológicos, o sistema emite boletins periódicos com a situação atual das cotas dos rios e a tendência para os dias seguintes. A modelagem também gera mapas de manchas de inundação, que simulam até onde a água pode avançar em caso de cheia.
Com essas informações, o Estado e os municípios passam a ter um panorama mais preciso dos riscos, o que permite planejar ações preventivas, orientar a população e reduzir impactos em situações de emergência.