Entre as obras do artista, metalúrgico, sindicalista, e político estão o monumento Jesus Terceiro Milênio, localizado junto ao Parque da Festa da Uva
A manhã desta sexta-feira (7) foi agraciada com uma homenagem ao artista e ex-vereador Bruno Segalla, durante uma edição especial do Cine Plenário, em Caxias do Sul. Celebrando o centenário do também líder sindical, a Câmara Municipal de Vereadores promoveu a atividade, enaltecendo as esculturas e o legado do político, por meio da exibição do documentário As Mãos de Bruno Segalla, e de um debate com os produtores do filme e familiares de Segalla.
A ação contou com a presença de servidores do Parlamento, o diretor da obra, Samuca Bovo, a fotógrafa Janete Kriger e teve a participação de uma das filhas de Segalla, Bianca Segalla Reichert, e uma das netas dele, Patricie Segalla de Bitencourt. A homenagem foi mediada pela presidente do Legislativo, vereadora Denise Pessôa, e também estiveram presentes os vereadores Estela Balardin, Marisol Santos e Rafael Bueno.
Com trilha sonora marcante e emocionante, o documentário desdobra a vida do artista, reforça a figura feminina como influência de suas obras e resgata suas memórias com a ditadura e suas dores. “O corpo estava morrendo, o artista não”, é uma das falas do documentário sobre o falecimento de Bruno.
Emocionado, o vereador Bueno foi o primeiro a se manifestar após a exibição, destacando que o material também reflete a atualidade e deve ser mostrado a toda a comunidade, para que os cidadãos conheçam a história dele. “O legado que ele deixou para a história cultural de Caxias é enorme”, pontuou o vereador.

A presidente enalteceu o trabalho de Bruno Segalla para Caxias e dos projetos culturais que incentivam a criação de obras que resgatam e reforçam a memória do município e de figuras que representam a cidade. “Fica aqui um gostinho de querer mais. Saber mais sobre ele e sobre a sua história. A sensação é de que a gente precisa de mais “, afirmou a parlamentar após a exibição do material.
A fotógrafa e o diretor da obra enalteceram as pessoas que colaboraram para o filme, uma produção feita a partir do Financiarte (programa local de financiamento público da cultura), pela produtora Spaghetti. Reforçaram que o documentário não é apenas um resgate da vida do artista, mas, também, de tantas pessoas que colaboraram para o desenvolvimento do projeto e que, hoje, são falecidas.
Destacaram serem necessárias mais produções para resgatar a vida de diversas pessoas e, assim, levantar debates importantes sobre o futuro. “A arte é importante e tem um tempo de ações”, salientou Samuca sobre a necessidade de colocar em prática obras que resgatem memórias e preservem histórias.
O diretor ainda afirmou o quanto o filme permite que as pessoas sejam mais próximas do artista e evidencia a importância da figura feminina tanta na vida de Bruno quando para a produção do documentário. “Estamos falando de 50 anos atrás, algo que foi muito revolucionário”, afirmou Denise relacionando os detalhes do documentário com a figura feminina.
Em convergência, as vereadoras Marisol e Estela enfatizaram a importância e a representação da mulher para Bruno. Resgataram a necessidade de preservação da memória para o entendimento coletivo.
A família de Bruno relembrou de histórias do artista e ressaltaram a necessidade de espalhar a história dele, tanto para Caxias como para todo o Brasil.
Conheça Bruno Segalla:
Bruno Segalla nasceu no dia 07 de outubro de 1922, em Caxias do Sul. Casado com Almira Segalla, com quem teve cinco filhos e sete netos e bisnetos. Faleceu em 2001, aos 78 anos, devido a uma fibrose pulmonar.
Iniciou sua jornada profissional aos 13 anos, na antiga Metalúrgica Eberle, onde permaneceu por 43 anos, desenhando, modelando e cunhando. Empresa onde desenvolveu e teve contato com a modelagem e gravação em medalhas a partir do trabalho no setor artístico da empresa. Foi considerado um dos melhores no ramo, desenvolvendo trabalhos para a Casa da Moeda do Brasil, para a inauguração do Banco do Brasil em Milão e esculpiu efígies de personalidades como Getúlio Vargas, Evita Perón, Ayrton Senna. Um dos seus grandes feitos foi a gravação de frases com até 135 caracteres em cabeças de alfinetes, que podem ser vistas com microscópio.
Entrou para o mundo das artes a partir da aproximação com o artista catarinense Erich Taichman, em 1953. Escultor que o influenciou a trabalhar com esculturas figurativas em volume, em cerâmica, madeira e bronze com motivos centrados no figurativo, com motivações cubista e de escultores como Augusto Murer e Henri Moore. Depois de 22, se aposentou das funções empresariais e passou a se dedicar inteiramente aos trabalhos artesanais em seu atelier.
Entre os seus principais trabalhos estão:
:: Jesus Terceiro Milênio, localizado junto ao Parque Nacional da Festa da Uva;
:: Monumento aos Direitos Humanos, instalado na Câmara Municipal;
:: Instinto Primeiro, obra doada à cidade em agosto de 1997, em comemoração aos cem anos da empresa Eberle S/A. Localiza-se na Praça Dante Alighieri.
Sindicalismo
Na política, Bruno teve influencias socialista e proximidade com Luis Carlos Prestes e Leonel Brizola. Foi sindicalista, atuando como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, em 1957, foi vereador de Caxias do Sul de 1956 a 1959, pelo Partido Social Progressista (PSP), suplente de deputado estadual em 1963 pela Aliança Republicana Socialista (ARS).
Liderou a maior greve de Caxias envolvendo 8 mil trabalhadores, foi contrário à ditadura militar e foi preso pelo movimento em 1964 e em 1974