Mais da metade dos usuários são de fora da cidade
Nos próximos dias, Caxias do Sul ultrapassará a marca das 150 vagas de acolhimento provisório oferecidas gratuitamente à população em situação de vulnerabilidade (não necessariamente ou apenas em situação de rua), por meio da Fundação de Assistência Social (FAS) e também em parceria com Organizações da Sociedade Civil (OSCs). A expansão de quase 30% na disponibilidade de cama, chuveiro e comida quentes para vencer as noites de inverno corresponde às 34 novas vagas abertas pelo Município com recursos próprios, durante a estação mais fria do ano.
Atualmente, a administração municipal assume 100% do custeio da estrutura – para a qual, conforme a legislação, caberia cofinanciamento com Estado e União. O índice não muda muito considerando-se toda a cobertura da política pública de Assistência Social, em que Caxias do Sul destina, sozinha, 97,12% da verba total – sem compensação equivalente dos cofres federal e estadual.
Muito embora, mais da metade dos usuários das casas de passagem sejam de fora da cidade: 45,2% vêm de outros municípios e 6%, de outros países.
Independentemente da origem, o caminho para acessar o serviço é o mesmo para todos que precisam: homens, mulheres, famílias com crianças e até animais de estimação (sim, embora muita gente não saiba, os espaços de acolhimento do Município são kid e pet friendly). A orientação é procurar o Centro Pop Rua (Avenida Pedro Mocelin, 421-B – ao lado do CREAS Sul, próximo ao Campo Municipal, no bairro Cinquentenário) ou acionar a abordagem social das equipes técnicas da FAS pelo telefone (54) 9 8403-8864.
“Pelas duas formas, o encaminhamento será o melhor possível, feito por uma equipe especializada no atendimento e encaminhamento para cada caso. Não é simplesmente chegar e bater na porta da casa de passagem, existe uma intervenção importante que precisa ser feita previamente ao acolhimento. Há núcleos familiares com diversas demandas em situação de vulnerabilidade nestes locais de acolhimento, há necessidade de regras, disciplina, encaminhamento de documentação e o interesse da pessoa em restabelecer vínculos, se conectar à própria rede de apoio, cuidar da saúde física e mental, reorganizar a sua vida e principalmente o desejo de superar a situação de rua”, explica a presidente da FAS, Geórgia Tomasi.
Legislação proíbe acolhimento forçado
Nem todos os potenciais usuários do serviço estão dispostos a cumprir tais condições. Motivo pelo qual – também embora muita gente não saiba –, ao invés de falta, com frequência, há até vagas disponíveis na rede de acolhimento de Caxias do Sul.
“Não existe acolhimento forçado. Deve partir da pessoa a manifestação do desejo pelo atendimento. Ninguém pode ser obrigado a aderir ao serviço. Inclusive, a própria legislação determina isso e já recebemos uma sinalização muito clara do Ministério Público neste sentido. Cada pessoa tem a liberdade de decidir pelo próprio destino. Portanto, só podemos fazer o acolhimento de quem aceita e tem vontade de recebê-lo”, acrescenta Geórgia.
Meio de caminho para retomar a vida
O aumento da capacidade de atendimento acompanha o avanço da demanda social do município. Até 2020, Caxias do Sul contava com 80 vagas de acolhimento. No ano seguinte, sob a pressão da pandemia de Covid-19, o governo do Estado acrescentou 60 novas vagas temporárias, pelo Projeto Santa Dulce. Posteriormente, o Município assumiu 40 destas posições em caráter permanente. E assim, passou a trabalhar com 120 vagas de acolhimento provisório integralmente custeadas com recursos municipais.
Agora, por meio da FAS e da Associação Mão Amiga, a rede de apoio ganhará 34 novas vagas: 20 masculinas no Projeto Santa Dulce, oito masculinas na Casa Carlos Miguel e seis femininas na Casa São Francisco. A triagem e o encaminhamento para cada espaço são feitos pelo Centro Pop Rua, que é a referência de acesso para quem está em busca do serviço.
“Todos estes espaços exigem muita perseverança do Município e da OSC para serem estruturados, organizados e oferecidos à população como soluções temporárias, apenas por um período, para a pessoa se reerguer e retomar a vida. A ideia é proporcionar condições para reencontrar a própria autonomia e seguir em frente de forma digna e com protagonismo da própria vida”, finaliza Geórgia.
Além dos espaços administrados pelo Município, há também a opção da Hospedagem Solidária, gerida pela Mitra Diocesana, com 53 vagas masculinas.
QUEM PRECISA E COMO AJUDAR
Pessoas em situação de rua (dados de abril, pelo Cadastro Único): 736
Pessoas atendidas diariamente no Centro POP Rua (em média): 67
Para doar roupas e calçados: a Fundação Caxias organiza a Campanha do Agasalho
Para acessar doações de roupas e calçados: o CRAS de referência de cada região da cidade faz o encaminhamento conforme as necessidades de cada pessoa. A lista completa com os endereços de todos os CRAS pode ser acessada aqui.
Para doar e receber comida: o Banco de Alimentos centraliza a arrecadação e destinação dos mantimentos
Para mais informações sobre como ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade: a FAS passa toda orientação
Fotos: Daniela Xu/Assessoria Prefeitura de Caxias do Sul