O Banco Vermelho é um símbolo internacional de conscientização e enfrentamento à violência contra a mulher e ao feminicídio
Um Banco Vermelho e pessoas unidas para combater a violência contra a mulher foram vistas, na tarde desta quinta-feira (21), em frente à Câmara Municipal de Caxias do Sul. O banco permanecerá ali, para fortalecer a reflexão em torno do cuidado e da vida do público feminino. As pessoas seguirão adiante, para que a mensagem da Procuradoria Especial da Mulher (PEM), promotora da iniciativa, chegue aos lares das diferentes regiões da cidade.
“Sentar e refletir; Levantar e agir”, ligando para o fone 180, em caso de denúncias de violência contra as mulheres. É o que o assento sugere a quem decidir, por alguns minutos, se aproximar dele. A inauguração do banco que ocorreu hoje (21/08) é uma das ações da campanha “Pela vida das mulheres, parem de nos matar, escutem nossas vozes” que a PEM lançou no dia 13 de maio.
Impressionadas com os 10 casos de feminicídio registrados em abril passado, num intervalo de quatro dias, somente no Rio Grande do Sul, as sete vereadoras caxienses decidiram intensificar a mobilização por mais respeito, proteção e cuidado em relação ao público feminino. Isso porque quase todas foram assassinadas por parceiros ou ex-maridos. Elas tinham idade entre 14 e 54 anos.
De acordo com a titular da PEM, vereadora Rose Frigeri/PT, o propósito do banco é convidar as pessoas a pensarem na realidade das mulheres. “Ele nos chama à reponsabilidade de não calar e não aceitar nenhuma forma de violência. Vermelho é a cor da urgência. E o banco é um convite para que cada um de nós, mulheres e homens, possamos romper o ciclo de violência. O banco é memória e futuro, promessa de que não ficaremos caladas, para que meninas possam crescer livres do medo e as mulheres viverem plenamente a dignidade”, ressaltou a procuradora.
Além de Rose, integram a PEM as parlamentares Andressa Marques/PCdoB, Andressa Mallmann Bassani/PDT, Daiane da Silva Mello/PL, Estela Balardin da Silva/PT, Sandra Bonetto/NOVO e Marisol Santos/PSDB. De acordo com Rose, todas ajudaram na pintura do banco em vermelho. Já o grafite da mensagem que está na estrutura na cor branca é de autoria de Fernanda Rieta.

Primeira-dama do município, Jussara Canali cumprimentou as vereadoras pela mobilização. Ela avalia que não é um banco comum, mas um símbolo, um grito das muitas mulheres que sofreram ou sofrem com a violência. Ao mesmo tempo, entende que representa a resistência, a memória e o compromisso que a sociedade deve assumir no combate a essa violência. “Como primeira-dama, mulher, mãe e avó, me coloco ao lado de cada mulher que teve a dignidade violada”, disse Jussara, ao salientar que o município tem compromisso com a vida de todas.
Presente no ato, a deputada estadual delegada Nadine/PSDB saudou a iniciativa da Câmara, elogiando a atuação das sete vereadores da Casa. Com 21 anos de carreira na polícia e registrando cerca de 50 casos de mulheres vítimas de violência por dia, ela constata o quanto esse tipo de situação é silenciosa. Por isso, entende que precisa haver união em torno dessa luta. “Enquanto uma mulher morre por ser mulher, precisamos erguer as mãos por todas. Quando a gente salva a vida de uma mulher, salvamos a vida de todas”, frisou, alertando para a necessidade da ocorrência policial. De acordo com Nadine, 80% das mulheres vítimas de feminicídio não tinham registrado o caso na delegacia e nem possuíam medida protetiva.
O esforço permanente das vereadoras de Caxias foi também saudado pelo presidente da Câmara, Lucas Caregnato/PT, especialmente porque elas costumam envolver a todos. Na sua opinião, há um machismo estrutural que precisa ter fim e a bancada feminina tem trabalhado forte nesse sentido. “Existe uma violência política de gênero e, nós, homens, temos de nos educar para combater. Precisamos assumir nosso machismo de todo o dia e mudar”, afirma.
Caregnato pontua que a Câmara de Caxias é uma das Casas com maior representatividade feminina. Mesmo assim, se comparada com a população, cuja maioria é mulher, a cidade ainda está em desacordo, analisa. Sobre a violência doméstica, o parlamentar orienta as pessoas a não ficarem no silêncio, mas denunciar.
Também marcaram presença no ato desta tarde a titular da Coordenadoria da Mulher da Prefeitura, Jeane Schulz; o secretário municipal de Segurança Pública e Proteção Social, Paulo Roberto Rosa da Silva; representantes de deputados estadual e federal; líderes comunitários e integrantes de movimentos de mulheres. Para marcar o momento, houve uma apresentação especial da cantora Nêmora Hoff.
Sobre o Banco Vermelho
O Banco Vermelho é um símbolo internacional de conscientização e enfrentamento à violência contra a mulher e ao feminicídio. No Brasil, está previsto na lei federal 14.448/2022, que institui, em âmbito nacional, o Agosto Lilás como mês de proteção à mulher, destinado à conscientização para o fim da violência contra o público feminino. Essa legislação prevê a instalação de, pelo menos, um banco na cor vermelha em espaços públicos de grande circulação de pessoas, no qual constam frases que estimulam a reflexão sobre o tema e contatos de emergência, como o número telefônico da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, para eventual denúncia e suporte à vítima.