Em entrevista à Rádio Solaris, Alfonso Willenbring Júnior defendeu a instalação dos redutores de velocidade como ação amparada por dados, estudos técnicos e respeito à vida
A entrada em operação dos novos redutores de velocidade em Caxias do Sul, marcada para a próxima terça-feira (5), reacendeu o debate público sobre fiscalização eletrônica e segurança viária. Em entrevista à Rádio Solaris FM 99.1 nesta quinta-feira (31), o secretário adjunto de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Alfonso Willenbring Júnior, apresentou dados, argumentos técnicos e uma defesa da medida como ferramenta de preservação de vidas.
Com 30 anos de atuação na área de trânsito, Willenbring lembrou que o município registrou mais de 900 mortes no trânsito entre 2007 e 2025. “São números que representam pais, filhos, irmãos. Não são estatísticas frias. São perdas reais, que causam dor e impacto em famílias inteiras”, afirmou. Ele também destacou que, embora muitas vezes as causas dos acidentes sejam outras — como avanço de sinal —, a velocidade agrava diretamente as consequências.
Segundo o secretário, os 26 pontos de fiscalização eletrônica foram definidos com base em critérios do Plano Diretor de Mobilidade Urbana (PlanMob), aprovado por Lei Municipal que tramitou na Câmara de Vereadores. Fatores como acidentalidade, proximidade de escolas e intensidade do tráfego foram considerados. “Nenhum equipamento foi instalado por acaso. Cada ponto passou por estudo técnico e sinalização reforçada. Em alguns locais, foram colocadas até quatro vezes mais placas do que exige a legislação”, garantiu.
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Willenbring também explicou que não houve alteração nos limites de velocidade: nas perimetrais, o limite permanece em 60 km/h, e nas vias internas, 40 km/h. “Muitos questionam por que não instalar lombadas físicas [quebra-molas]. Mas elas travam a fluidez do trânsito e não são adequadas em vias arteriais. Os controladores permitem que o motorista reduza sem parar o veículo, preservando tanto a mobilidade quanto a segurança”, explicou.
Durante a entrevista, Willenbring também mencionou a decisão de não utilizar radares móveis, para evitar a percepção de fiscalização surpresa. “Desde o início, o prefeito [Adiló Didomenico] pediu transparência. Caprichamos na sinalização e estamos visitando todos os veículos de imprensa para esclarecer”, disse.
O secretário ainda chamou atenção para um ponto que, segundo ele, costuma ser esquecido nas discussões sobre trânsito: o impacto sobre os profissionais da saúde e do resgate. “Poucos lembram do SAMU, dos bombeiros, dos médicos e socorristas que lidam todos os dias com as consequências de acidentes graves. A redução de velocidade ajuda a preservar essas vidas e também a saúde física e emocional desses profissionais”, afirmou.
Por fim, Willenbring reforçou que os motoristas de Caxias do Sul já têm dado exemplo: cerca de 98% deles respeitam os limites de velocidade. “Não é justo que um pequeno grupo insista em colocar vidas em risco. A punição aos excessos graves é um respeito a quem dirige corretamente”, concluiu.