Agripino Brizola Duarte, o “Véio”, tinha mais de 60 anos em condenações por assaltos, sequestros e homicídio, e estava foragido desde julho de 2025
Um dos criminosos mais perigosos do Estado, Agripino Brizola Duarte, de 55 anos, foi preso na tarde desta terça-feira (7) em Corbélia, no interior do Paraná. Foragido de Caxias do Sul, ele é condenado por liderar ataques violentos do tipo “Novo Cangaço”, com histórico de fugas e reincidência em crimes graves.
A captura foi resultado de um trabalho de inteligência da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, em parceria com equipes da Radiopatrulha e da Patrulha Rural da Polícia Militar do Paraná, além da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO/RS).
Conhecido pelas alcunhas de “Véio” e “Jorge”, Duarte estava foragido desde julho de 2025, quando rompeu a tornozeleira eletrônica. Contra ele, havia um mandado de prisão expedido pela 1ª Vara de Execução Criminal de Caxias do Sul, determinando a regressão cautelar de regime.
Sua pena total a cumprir é de 41 anos no regime semiaberto, mas as condenações somadas ultrapassam 60 anos por crimes como assaltos a bancos, sequestro, cárcere privado, falsificação de documentos e uso de identidade falsa.
Atuação violenta no “Novo Cangaço”
Duarte é apontado como um dos principais líderes de ações do tipo “Novo Cangaço”, modalidade de crime organizado em que quadrilhas fortemente armadas cercam cidades, fecham acessos, usam reféns como escudos humanos e atacam agências bancárias para roubar grandes quantias em dinheiro.
As investigações indicam que ele atuava como chefe operacional em ataques no interior do Rio Grande do Sul, especialmente na Serra Gaúcha. Um dos casos mais emblemáticos ocorreu em 2015, durante o assalto ao Banco do Brasil de Campestre da Serra, quando ele e outros seis criminosos foram presos.
Duarte também é acusado de comandar roubos a comércios e residências, sempre com uso de armamento pesado e estratégias de fuga planejadas.
Histórico de crimes e fugas
A ficha criminal de Duarte é extensa. Sua primeira condenação ocorreu por um assalto a uma exportadora de pedras em Lajeado, em março de 2007, quando roubou 3,8 quilos de ametista e R$ 2 mil. Apesar da pena inicial de seis anos e oito meses, conseguiu redução de sentença e fugiu do regime semiaberto em 2009, sendo recapturado meses depois.
Em 2010, voltou a agir. Invadiu uma residência no bairro Americano, em Lajeado, roubou pertences da família e foi preso em flagrante. O crime somou nove anos à pena. No ano seguinte, recebeu nova condenação de oito anos e três meses por um roubo ocorrido em Porto Alegre, quando manteve os proprietários de um comércio reféns e saqueou a casa da família.
Ainda em 2013, fugiu novamente e foi preso após tentar escapar de uma barreira da Brigada Militar em Canoas, dirigindo um carro clonado. Pelo crime, recebeu mais um ano e nove meses de pena.
Um dos episódios mais graves ocorreu em 2010, em Palmeira das Missões, quando participou de um assalto a residência que terminou com a morte da vítima, Ogue da Silva Fagundes, que sofreu um infarto após ser agredida. Pelo caso, Duarte foi condenado a 20 anos de prisão.
Mesmo diagnosticado com câncer, o criminoso continuou cometendo delitos. Em 2014, recebeu prisão domiciliar por motivos de saúde, mas descumpriu as condições e voltou a agir. Em 2015, participou do assalto ao Banco do Brasil de Campestre da Serra e foi novamente preso.
Nos anos seguintes, acumulou novas fugas e capturas. Em 2019, foi flagrado com um carro roubado em Parobé, junto a outros cinco comparsas, dinheiro e uma pistola 9 milímetros. Poucos meses depois, voltou a fugir do regime domiciliar.
Prisão em Corbélia
Após troca de informações entre a Brigada Militar e a PM do Paraná, equipes localizaram o esconderijo de Duarte em uma residência de Corbélia. Ao perceber a aproximação das viaturas, ele tentou escapar, mas foi contido. Durante a abordagem, apresentou documentos falsos e identidade divergente, configurando falsidade ideológica.
A confirmação da identidade veio após análise minuciosa, que constatou o mandado de prisão ativo. Ele foi encaminhado à 3ª Companhia do 31º Batalhão da Polícia Militar, onde foi lavrado o boletim de ocorrência, e depois conduzido à Delegacia de Polícia Civil de Corbélia.
Retorno ao sistema prisional
Após os trâmites, Agripino Brizola Duarte foi entregue à Polícia Penal. A expectativa é de que ele seja transferido nos próximos dias para o sistema prisional do Rio Grande do Sul, onde deverá cumprir o restante da pena em regime fechado, sob vigilância reforçada.