O popularmente conhecido “Paraguai” encerra a série especial de entrevistas para o dia do Motorista
O caminhoneiro Ederaldo Borssói, de 45 anos, é o que podemos chamar de um amante da profissão. O “Paraguai”, como é popularmente conhecido, é motorista de caminhão desde de 2001, quando começou a fazer viagens pelo Estado. Menos de dois anos depois, passou a fazer um trajeto maior, para São Paulo e Rio de Janeiro e desde então só viaja para longe.
Em 2019, passou pela experiência de ser assaltado no Rio de Janeiro, o que o fez desistir das viagens longas por um tempo, no entanto, a paixão pelo caminhão e pela estrada, logo fez ele retomar a atividade. Paraguai conversou com a reportagem da Rádio Solaris FM 99.1 e contou um pouco mais sobre a vida na estrada.
Começou a trabalhar com carreta graneleira, depois passou para o baú e atualmente dirige um caminhão-tanque alimentício, transportando suco da maçã, suco da uva ou de laranja. Além de vinho e açúcar liquido.
Ele contou também que gosta de ser caminhoneiro, e que o lado ruim é perder momentos especiais com a família. Ele tem um casal de filhos e em razão e estar há tempo na estrada, já perdeu muitos momentos especiais deles, como por exemplo a formatura e as convecionais entregas de boletim.
Qual o momento mais tenso que você viveu até agora?
Foi quando eu fui assaltado no Rio de Janeiro. Lá eles só querem a carga, eles não fazem nada pra você, eles te tratam até bem, apesar do susto. Já em São Paulo é uma região mais perigosa, São Paulo tem bastante roubo. Em São Paulo é mais roubo de caminhão. Já no Rio de janeiro é roubo de carga, o caminhão eles devolvem.
Como é viver na estrada longe da família?
Você não vê teus filhos crescerem, entende? Cada vez que chegava em casa, estão diferentes, na verdade eu não vi os filhos crescerem, acompanhei muito pouco.
Você tem disse que gosta muito da profissão, e tem um filho de 21 anos, aconselharia ele a seguir o mesmo caminho que o teu?
Gosto de fazer o que eu faço, só não aconselho ele seguir nessa profissão porque hoje em dia tá muito difícil. Dependendo do lugar que você para, se não abastecer, por exemplo, você não pode pernoitar. Hoje tudo se paga. Um banho, pra ter uma ideia varia entre R$ 10 e R$ 15. Um banho tem que pagar, tem que pagar estacionamento, enfim, tá bem complicado.
Qual o momento mais curioso ou engraçado que você teve na profissão?
Tantas coisas que me aconteceram, mas engraçado foi a primeira vez que eu fui assaltado. Hoje, eu conto e acho engraçado. A primeira vez foi em abril de 2019, quando eu fui assaltado pela primeira vez. Eles me levaram, me mantiveram refém, o assaltante foi de caroneiro e eu dirigindo, daí os carros tipo fazendo escolta, uns na frente.
Dois carros na frente e um atrás e chegando no chapadão no complexo da Penha, no Rio de Janeiro, quando paro o caminhão para entrar na favela, veio um grupo de moto para assaltar, você acredita? Os caras que me assaltaram foram assaltados na entrada da favela.
Os caras vieram para assaltar, e o ladrão baixou o vidro e disse para eles que aquele caminhão que ele já tinha sido roubado. Parece cena de filme. Mas uma realidade que hoje eu acho engraçado “ladrão roubando ladrão”. Isso só acontece comigo mesmo.
Importância dos caminhoneiros
Dados da Confederação Nacional dos Transportes, mais de 60% de tudo que é produzido e consumido no Brasil chega ao seu destino por rodovias. Do ponto de vista econômico, o mercado nacional de frota e frete movimenta mais de R$ 365 bilhões por ano.
Sendo assim, comemorar o dia do motorista é de extrema importância, sobretudo pelo fato do giro de economia que o transporte rodoviário proporciona, como vimos nos dados acima.
A profissão é importantíssima para escoar a produção de todos os setores, desde o alimentício até o de produtos eletrônicos. Afinal, tudo que chega à sua mesa ou ao seu lar certamente viajou pelas vias do país.