Tempestade de categoria 5 devastou comunidades na Jamaica, Haiti e Cuba, causando mortes, desaparecimentos e milhares de desabrigados
Moradores de vários países do norte do Caribe começaram, nesta quinta-feira (30), a remover os destroços deixados pelo furacão Melissa, enquanto o número de vítimas continua a subir. A tempestade de categoria 5 provocou ao menos 25 mortes no Haiti e deixou 18 pessoas desaparecidas. Há também registros de óbitos na Jamaica.
Na quarta-feira (29), a Organização das Nações Unidas (ONU) classificou a destruição provocada pelo Melissa como de “níveis sem precedentes”. O fenômeno deve seguir para oeste das Bermudas ainda nesta quinta-feira.
No sudeste da Jamaica, o som de máquinas e motosserras ecoava enquanto moradores e equipes do governo tentavam liberar estradas e acessar comunidades isoladas. A região de Black River, segundo o primeiro-ministro Andrew Holness, foi o “marco zero” da tragédia, com 90% dos telhados destruídos.
O furacão atingiu a ilha na terça-feira (28), com ventos de até 295 km/h, tornando-se uma das tempestades mais poderosas já registradas no Atlântico. Pelo menos quatro corpos foram encontrados no sudoeste da Jamaica, e mais de 25 mil pessoas permanecem em abrigos. Cerca de 77% da ilha segue sem energia elétrica.
“Eu não tenho mais uma casa”, lamentou Sylvester Guthrie, morador de Lacovia, que perdeu tudo, restando apenas sua bicicleta. A ajuda humanitária começou a chegar ao país na tarde de quarta-feira, com distribuição de água, comida e suprimentos básicos.
No Haiti, o furacão provocou inundações catastróficas, especialmente no sul do país. Em Petit-Goâve, 20 pessoas morreram — entre elas, 10 crianças — e dezenas estão desaparecidas. “Perdi toda a minha família”, contou Steven Guadard, morador da cidade.
A Agência de Proteção Civil informou que mais de 160 casas foram danificadas e 80 destruídas. Além disso, 152 pessoas com deficiência necessitam de ajuda alimentar urgente. Ao todo, 11,6 mil haitianos seguem abrigados após a passagem do Melissa.
Em Cuba, o furacão chegou com menor intensidade, mas ainda causou grandes danos. Estradas foram bloqueadas, comunidades ficaram isoladas e várias províncias — entre elas Santiago, Granma, Holguín, Guantánamo e Las Tunas — registraram perda de telhados, linhas de energia e plantações.
Graças à evacuação preventiva de 735 mil pessoas, não houve registro de mortes no país. O exército e equipes civis atuam na limpeza e desobstrução de vias, enquanto moradores tentam salvar o que restou de suas casas.
“Estamos limpando as ruas, desobstruindo o caminho”, disse Yaima Almenares, professora de Santiago, que ajudava vizinhos a retirar galhos e detritos.
Mesmo com a destruição, autoridades cubanas destacaram que as chuvas ajudaram a repor os reservatórios e aliviar a seca no leste da ilha. No entanto, várias comunidades seguem sem energia, internet e telefone.
Antes de atingir Cuba, o furacão Melissa já havia causado três mortes na Jamaica, três no Haiti e uma na República Dominicana, totalizando mais de 30 vítimas fatais em todo o Caribe.
(Com informações da Associated Press)