Conclave ainda não tem data para começar
Com a morte do Papa Francisco nesta segunda-feira (21), a Igreja Católica inicia um processo milenar para a escolha de seu sucessor: o conclave. Reunindo cardeais do mundo inteiro, o ritual carrega simbolismo, tradição e protocolos rígidos que garantem a condução de uma nova liderança espiritual para os mais de 1,3 bilhão de católicos ao redor do planeta.
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O que acontece após a morte do Papa?
Logo após a morte do Papa, o Camerlengo — atualmente o cardeal Kevin Farrell — assume a administração provisória da Santa Sé. Ele é o responsável por confirmar oficialmente o falecimento, lacrar os aposentos papais e iniciar os preparativos para o funeral e o conclave. Durante esse período de “Sede Vacante” (quando não há Papa), o Vaticano não toma decisões doutrinais nem promove nomeações de bispos.
O funeral do Papa ocorre entre o quarto e o nono dia após a morte, seguindo ritos específicos. Tradicionalmente, o corpo é sepultado nas grutas vaticanas, sob a Basílica de São Pedro.
Quem pode votar no conclave?
Participam do conclave apenas os cardeais com menos de 80 anos de idade na data da morte do Papa. Hoje, são cerca de 138 cardeais eleitores, provenientes de diversas partes do mundo, entre eles, sete brasileiros. Todos devem se dirigir a Roma para participar do processo de eleição.
Como funciona o conclave?
O conclave é realizado na Capela Sistina, no Vaticano. A palavra vem do latim cum clave, que significa “com chave”, em alusão ao isolamento dos cardeais durante o processo. Eles ficam completamente incomunicáveis com o mundo exterior até que a escolha do novo Papa seja feita.
Antes da primeira votação, os cardeais participam de uma missa solene, pedindo inspiração divina para a escolha. A eleição exige uma maioria de dois terços dos votos. São realizadas até quatro votações por dia — duas pela manhã e duas à tarde — até que um nome alcance o número necessário.
Após cada votação, as cédulas são queimadas em uma estufa especial. Se nenhum Papa for escolhido, a fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina é preta. Quando finalmente há um eleito, a fumaça é branca, sinalizando ao mundo que habemus papam — “temos um Papa”.
O que acontece após a eleição?
O cardeal eleito é levado a uma sala chamada “Sala das Lágrimas”, onde pode se recompor e vestir os paramentos papais. Ali, ele escolhe o nome pelo qual será conhecido. Em seguida, retorna à Capela Sistina, onde os demais cardeais lhe prestam obediência.
A confirmação pública ocorre da sacada da Basílica de São Pedro, com o tradicional anúncio feito pelo cardeal protodiácono: Annuntio vobis gaudium magnum: Habemus Papam! (“Anuncio-vos uma grande alegria: temos um Papa!”). O novo líder da Igreja então concede sua primeira bênção Urbi et Orbi (“à cidade [de Roma] e ao mundo”).
Continuidade e expectativa
A escolha de um novo Papa não é apenas um ato religioso, mas também político e simbólico. O novo pontífice assume desafios contemporâneos como as crises humanitárias, mudanças sociais, escândalos internos da Igreja e a missão de manter viva a fé católica em um mundo em transformação.
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