Nesta quarta (14) ele concluiu o seu curso de garçon oferecido pela Prefeitura
Alinhado de camisa e suéter, cabelo arrumado e muito falante, Rodrigo Prestes, 36 anos, está há poucos minutos da sua formatura no curso de garçom, que representa o auge de uma mudança de vida. Com frases marcantes, ele faz um relato surpreendente de como se tornou outra pessoa, por meio da formação profissional e do apoio que recebeu em três meses de caminhada na Casa de Passagem Carlos Miguel, onde viveu. Este e outros dois espaços de acolhimento são mantidos pela FAS, somam 120 vagas e juntos recebem investimento anual de R$ 2,5 milhões. São locais para reorganizar a vida e superar a situação de rua.
“Eu tive muitas perdas, me afastei da minha família, não sei explicar o que eu sentia, não conseguia me conectar com as pessoas. Eu não tinha mais nem os dentes, não tinha documentos, morava na rua, fazia muitas coisas erradas. Eu precisava de limites”, avalia.
Foi na casa de passagem que Rodrigo, natural de Nova Hartz e residindo em Caxias há cerca de nove anos, ficou sabendo do Curso Profissionalizante em Garçom, promovido pela Diretoria de Segurança Alimentar e Nutricional da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Caxias do Sul (SMAPA). Nesta quarta-feira (14), ele foi um dos 14 alunos que concluiu a formação.
Rodrigo percebeu nesse curso a possibilidade de recuperar a própria vida. “Um dia me despertou que a vida é boa, só que eu precisava recuperar o que eu tinha, quem eu era. O pessoal da casa me ajudou com muitas coisas, não tenho palavras. Os professores também. Essas pessoas cuidaram da minha alma. Desde atendimento de saúde, arrumar meus dentes, fazer meus documentos. Porque eu cheguei a procurar emprego algumas vezes, mas quem é que vai contratar uma pessoa sem documentos?”, relata.
Abraçando a oportunidade de formação profissional que recebeu, e aceitando a ajuda da equipe da casa, Rodrigo começou a mudar. Hoje já tem moradia, está se aproximando da família, tem uma namorada e está fazendo a carteira de motorista. Uma realidade que há pouco tempo considerava muito distante.
“Tudo começou a se encaixar, mas a gente precisa aproveitar a oportunidade e a ajuda que a gente recebe. Ser garçom é agradável. Vou poder alegrar e servir as pessoas através do alimento. Quem diria, logo eu, que muitos dias não tinha nem o que comer”, comemora.
Do total de formados, seis eram pessoas em situação de rua. Alguns não puderam estar presentes na solenidade porque já estavam trabalhando. Os formandos receberam o diploma de conclusão do curso e depois atuaram já como garçons em um almoço para convidados no Banco de Alimentos.

Sobre o curso profissionalizante
O curso teve trinta dias de duração e carga horária de 76 horas, divididas nos módulos Apresentação Pessoal, Higiene Pessoal e Noções de Boas Práticas em Manipulação de Alimentos, Conhecimentos Iniciais da Profissão, Serviços, Construção de Currículo e Educação Financeira. Os profissionais ministrantes dos módulos foram Alessandro dos Santos Amaral, Fábio Boschetti, Kelly Estarla dos Passos Andreis e Renata Alves Valente. Durante a cerimônia, eles vão receber uma homenagem dos formandos.
Além da parte teórica, os alunos foram acolhidos para a Vivência Prática Supervisonada em estabelecimentos da cidade. Entre eles, Ioshi Sushi, Restaurante Empórium, Restaurante Flor de Cerejeira, Viella 18, Restaurante Sica, Sebastiana Restaurante, Hamburgueria Antunes, Yukki Sushi e Tri Hotel. O curso foi promovido em parceria com o Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria Região Uva e Vinho (SEGH), e contou com apoio de Santander, Inovar e Sindigêneros.
Estavam na solenidade a vice-prefeita Paula Ioris, o titular da SMAPA, Rudimar Menegotto, a diretora de Segurança Alimentar e Nutricional da SMAPA, Cristina Fabian Gregoletto, o presidente da Câmara de Vereadores, Zé Dambrós, entre outras autoridades e familiares dos formandos.

Fotos: Daniela Xu