Fenômeno atuará por quatro dias e terá maior impacto no Rio Grande do Sul; MetSul alerta para risco muito alto de temporais e alagamentos
Um ciclone de características incomuns deve atingir parte do Brasil entre esta segunda e a quinta-feira, com maior intensidade no Rio Grande do Sul. O sistema será excepcional pela época do ano, pela formação sobre o continente, pela pressão atmosférica extremamente baixa e pelo deslocamento lento, o que prolongará os efeitos adversos por até quatro dias.
A baixa pressão que dá origem ao ciclone se aprofunda já nesta segunda-feira (8) no Nordeste da Argentina e deve se intensificar sobre o território gaúcho entre terça (9) e quarta-feira (10). Modelos indicam pressão mínima entre 985 hPa e 990 hPa — valores raríssimos na região e os menores previstos desde o furacão Catarina, em 2004. Apesar disso, o fenômeno não tem características de furacão, já que ocorre sobre terra e apresenta dinâmica diferente.
A lentidão do sistema preocupa meteorologistas. O ciclone permanecerá praticamente estacionado entre a Fronteira Oeste, o interior do estado e o litoral gaúcho de segunda a quarta-feira, afastando-se apenas na quinta (11). A permanência prolongada aumenta o risco de chuva intensa, vento muito forte e tempestades severas em sequência.
Chuva extrema e risco de alagamentos
A MetSul alerta para acumulados localmente extremos, que podem chegar a 150 mm a 300 mm em poucas horas em pontos isolados do Sul, Centro-Oeste e Sudeste. No RS, a terça-feira deve concentrar os volumes mais altos, com risco elevado de enxurradas, alagamentos e transbordamento de arroios.
A atmosfera quente que atua sobre o estado — com temperaturas próximas de 40°C — deve potencializar a instabilidade e favorecer episódios de chuva muito volumosa.
Temporais e possibilidade de tornados
O ciclone deve desencadear uma sequência de temporais entre segunda e quarta-feira. A terça será o dia mais crítico, com risco de tempestades severas em grande parte do Sul e em áreas do Centro-Oeste e do Sudeste.
A combinação de ar quente com pressão extremamente baixa pode gerar supercélulas, com vento intenso, queda de granizo e, de forma isolada, até a formação de tornados no RS, em Mato Grosso do Sul e em São Paulo. No litoral e em lagoas, há chance de trombas d’água.
Ventos ciclônicos por mais de 24 horas
O vento deve ganhar força no litoral gaúcho na noite de terça e atingir o pico na quarta-feira, com rajadas previstas entre 100 km/h e 130 km/h no Sul do estado, na costa e no entorno da Lagoa dos Patos.
Na maior parte do RS, as rajadas devem variar entre 60 km/h e 80 km/h, com possibilidade de danos como queda de árvores, destelhamentos e impacto significativo no fornecimento de energia.
A Serra Gaúcha também deve sofrer com a ventania: áreas elevadas podem registrar rajadas de 100 km/h a 150 km/h.