Gelo acumulado nas lavouras danificou parte da produção
A neve que caiu no Rio Grande do Sul na quarta-feira (28), literalmente congelou lavouras de hortaliças e outros itens produzidos no Estado. Grande parte dos danos foi registrada na Serra, de onde partem muitos produtores que abastecem feiras na Capital, como a Ecológica do Bom Fim.
O produtor Luiz Carlos Scapinelli, também secretário-geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (Fetraf-RS), estima prejuízo de cerca de R$ 40 mil na propriedade localizada no município de Ipê. Brócolis e couve-flor foram os itens mais afetados.
Não bastasse a neve, também caiu geada por cima do gelo, piorando ainda mais os estragos. Antes que o sol nascesse e queimasse a produção, os agricultores molharam as plantações para derreter o gelo, mas a alterativa surtiu pouco efeito, contou Scapinelli. Outra saída foi antecipar a colheita do que não foi tão afetado e salvar ao menos parte da lavoura.
“O estrago foi grande. Eu lamento muito que alguns colegas não vão nem poder fazer feira. Teve gente perdeu tudo,” disse Scapinelli.
Além dos alimentos que vão fora, o prejuízo inclui trabalho, insumo e mudas. Fora a parte que os agricultores destinam à doação de alimentos, especialmente durante a pandemia de Covid-19.
“Todos somos prejudicados. As pessoas esperam de nós para comer,” lamentou Scapinelli.
Hortaliças e folhagens, em geral, são menos consumidas na estação mais fria do ano. Mas com as perdas na produção, os produtores dependem ainda mais da comercialização nas feiras e da presença dos consumidores.
Em Antônio Prado, a proteção de estufa e cobertura foi o que ajudou a preservar a produção na propriedade de Volmir Forlin, que planta morango, framboesa, beterraba, alho poró, ervilhas e uvas, que agora estão “dormindo”. O produtor relata que a estrutura foi o que garantiu a presença na feira de sábado (31). “Da nossa parte, tudo certo para a feira,” disse Forlin, aliviado.
A mesma sorte não teve o produtor Moacir Pauletti, da Vila Segredo, distrito do município de Ipê. Ele contabilizou quase 100% de perdas, principalmente em couve-flor e alface. Os alimentos mais prontos na lavoura acabaram estragando, inutilizando o que seria vendido.
“O que está mais atrasado é o que não estragou muito, de repente ainda se recupera,” espera Pauletti, que teme novos episódios de geadas.
Fonte: Gaúcha ZH