Cirurgião vascular Vinícius Lain adverte para a dependência à nicotina, que está entre os principais fatores dos problemas arteriais
O tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano. Do total, 7 milhões são de usuários diretos do produto e cerca de 1,2 milhão é o resultado de não-fumantes expostos ao fumo passivo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, de acordo com o último levantamento do Instituto de Efetividade Clínica e Sanitária (IECS), 161,8 mil pessoas morrem por ano devido ao tabagismo, ou seja, 443 mortes poderiam ser evitadas por dia no país.
Ainda conforme a IECS, as doenças causadas pelo tabagismo representam 7,8% de todos os gastos anuais em saúde no Brasil, custando mais de R$ 125 bilhões. Para chamar a atenção da população para os malefícios da dependência à nicotina, seja pelo cigarro convencional, natural, eletrônico ou narguilé, em 31 de maio é promovido o Dia Mundial Sem Tabaco. O hábito não causa apenas danos aos pulmões, mas também apresenta uma série de riscos à saúde vascular, como explica o cirurgião vascular caxiense Dr. Vinícius Lain.
O médico alerta que o tabagismo afeta principalmente dois sistemas. O primeiro deles são os pulmões, com a formação de doença pulmonar obstrutiva crônica e, eventualmente, câncer de pulmão. O segundo são as artérias (vasos sanguíneos que saem do coração pela aorta), com o desenvolvimento de uma doença inflamatória chamada de aterosclerose. Seja nos pulmões ou nas artérias, o tabaco é um grande fator de risco que pode levar à morte, explica o especialista, que também é professor de medicina da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
O especialista esclarece que o cigarro prejudica o sistema vascular porque causa uma inflamação na camada que reveste as artérias, chamada de endotélio.
Principais queixas são em pacientes acima dos 60 anos
O médico e professor de medicina Vinícius Lain conta ainda que no caso da aterosclerótica obstrutiva periférica, conhecida popularmente como má circulação, as principais queixas apresentadas pelos pacientes estão nas dores na panturrilha desencadeada pelo exercício físico, seja em caminhadas ou atividades mais extenuante. A doença também está muito presente em pessoas que têm feridas nas pernas e não cicatrizam.
“A principal manifestação clínica é em pacientes acima dos 60, 70 anos. O cigarro está diretamente relacionado a formação dessas placas que causam o entupimento das artérias periféricas e, em casos mais graves, aumenta as chances de amputação, principalmente em pessoas mais idosas ou aquelas que sofrem com diabetes”, alerta o cirurgião vascular, evidenciando que as consequências do consumo da nicotina ao longo da vida são manifestadas na terceira idade.
“Hoje em dia a amputação é um tratamento bastante raro, principalmente em pacientes não diabéticos. Se identificado o problema precocemente, conseguimos reestabelecer o fluxo sanguíneo, desde as coronárias até o cérebro ou perifericamente, revertendo a situação. Mas é fundamental que o paciente seja avaliado por um cirurgião vascular para ver se existem entupimentos na circulação ou até mesmo risco de perda de membro”, completa Dr. Lain.