Aos 90 anos o senhor relembra a primeira vez que deu partida em um caminhão e foi para a estrada ainda adolescente
Um menino de 14 anos que rezava para ser motorista! Está é a história de Mário Scopel o homem que ostentou o título de motorista mais jovem de Antônio Prado.
Scopel inicia sua trajetória em uma época em que a cidade possuía estudos apenas até o 5º ano, o que lhe restava rezar para quando a escola terminasse ele pudesse se tornar motorista.
Ele conta que um dia estava voltando para casa do colégio e no caminho passou pelo pátio da Empresa Golin e enxergou lá um caminhão recém-chegado, o primeiro do Prado e quando o viu disse a si mesmo, “Amanhã vou lá ver esse caminhão”.
Quando chegou ao local um dos homens o disse que ele poderia levar o caminhão para lavar no rio e depois devia trazê-lo para a oficina que eles precisariam colocar no reboque, mas quando foi pegá-lo não estava lá, o jovem então imaginou que alguém já o tivesse levado e foi até o rio. Lá o encontrou, entrou na cabine e começou a fazer as marchas e ele sabia tudo até como ligá-lo e conduzi-lo.
Ele conta que o dono do caminhão, José Golin chegou bem na hora e perguntou o que ele estava fazendo, o pegou pelas orelhas e perguntou se o motorista havia lhe deixado a chave do caminhão e ele disse: Não a chave é essa daqui apontando para o escapulário em seu peito e aí Golin disse. ”Esse guri vai dar bom.”
Dias depois o jovem foi chamado para viajar com o caminhão a trabalho e assim iniciou sua profissão como caminhoneiro. Seu primeiro caminhão foi um D30, cabine de madeira, coberta com lona e fivelas nos lados. Para garantir que Mário daria conta do recado ele foi levado para dar uma volta com o caminhão pelas ruas da cidade e foi assim que o dono do veículo confirmou que ele estava apto a seguir viagem. “Eu não tinha medo de nada pra mim tudo era bom.” E assim ele “caiu” na estrada levando cargas pelo Brasil todo.
O jovem caminhoneiro conquistou o documento que o tornava apto a dirigir seis anos depois em 28 de junho de 1952 ano em que tirou sua licença, o que hoje conhecemos como Carteira Nacional de Habilitação.
Atualmente aos 90 anos Scopel, conta que em 70 anos como motorista já passou por muitas situações, entre elas uma vez em que ficou atolado em São Paulo junto a outros tantos caminhoneiros e ali ficaram por 15 dias sendo necessário que helicópteros do Exército lançassem em terra suprimentos para alimentá-los. “Eram 34 quilômetros eu estava sozinho no meio do mato e Ademar de Barros naquela época quem cuidava das obras de São Paulo mandou um helicóptero passar e deixar comida pra nós.
Mesmo diante das dificuldades Scopel agradece por nunca ter sido assaltado, nunca ter batido, nem sofrido nenhuma batida, mas segundo ele tudo isso foi proteção de São Cristovão que sempre estava junto a ele.
Sua única pausa na profissão nestes anos foi quando precisou se alistar no exército em que ficou um ano e meio, sem poder fazer o que tanto gostava, mas lá acabou ensinando muitos soldados a dirigir.
O aposentado dirige seu carro até hoje, vai a colônia e é muito lúcido ao volante.