Os dados do Observatório Febraban mostram também que oito em cada dez mulheres indicam a casa como o lugar onde as situações de violência, ameaça e assédio ocorrem com mais frequência
Cerca de 56% das mulheres que utilizam transporte público, já foram vítimas de preconceito ou discriminação. Os dados são da pesquisa realizada pelo Observatório Febraban. No levantamento, ocorrências no transporte só não foram maiores do que as que acontecem na rua, que corresponde à 67%. Porém, elas superam os casos presenciados ou vividos no local de trabalho com 42%, escolas ou universidades são 39% e festas e locais de entretenimento equivalem 56%.
A região que mais relatou casos de preconceito e discriminação contra a mulher no transporte público foi o Centro-Oeste, com 60%. O levantamento ‘Mulheres Preconceito e Violência’ foi realizado entre os dias 19 de fevereiro a 2 de março, com 3 mil mulheres nas cinco regiões do país. Ele traça um amplo quadro desse problema no país e se alinha aos esforços de investigar a situação das mulheres brasileiras e de combater o preconceito e a violência. É superlativa a impressão, no levantamento, de que os casos de violência contra a mulher aumentaram durante a pandemia da Covid-19.
“O levantamento mostra que, apesar de a sociedade brasileira ter avançado muito nos últimos anos, ainda temos muitos desafios a suplantar em relação à diversidade e igualdade de gêneros”, diz Isaac Sidney, presidente da Febraban. “Não podemos pensar em desenvolvimento e crescimento social e econômico nos próximos anos sem combater esse tipo de mazela e sem incentivarmos políticas e ações afirmativas que eliminem essas diferenças.”
Caracterizando a violência contra a mulher no Brasil, quase oito em cada dez respondentes indicam a casa como o lugar onde as situações de violência, ameaça e assédio ocorrem com mais frequência e sete em cada dez citam pessoas próximas ou conhecidas – atuais ou antigos cônjuges, companheiros e namorados – como principais agressores.
“Se esse quadro, por si só, já evidencia a situação de vulnerabilidade a que as mulheres estão expostas, ele se agrava quando metade declara que as vítimas não procuram ajuda ou não denunciam. E isso acontece em função do medo, principalmente de represália ou perseguição, e também de serem desacreditadas”, aponta o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE.