A produtora do ramo leiteiro também é mãe, mulher e dona de casa e não deixa a vaidade de lado em nenhum momento
Dia 25 de julho é considerado o Dia do Colono e Motorista. A data foi criada em 1924 em meio às comemorações do centenário de vinda dos primeiros imigrantes ao Rio Grande do Sul e em homenagem ao protetor dos motoristas e dos viajantes, São Cristóvão.
Hoje trazemos a história de Ilce Zampieri que representa a força feminina, a garra da mulher colona. Zampieri é moradora da capela São José na vila Segredo, interior de Ipê e atua no ramo do leite, ofício este que desempenha desde pequena, junto aos seus pais que já trabalhavam na área, o que a inspirou a seguir o mesmo caminho. Ela até tentou mudar de ramo e quando casou chegou a morar na cidade, pelo período de dois anos, mas logo acabou de volta ao interior.
Atualmente possui cerca de 100 animais entre vacas leiteiras, novilhas e terneiros, mas ordenha o leite apenas de 48 vacas produzindo uma média de 900 litros de leite por dia, o que varia de acordo com a produção, que às vezes fica escassa devido a algumas vacas que acabam sendo retiradas da produção devido aos filhotes recém nascidos.
Zampieri trabalha junto ao seu esposo, Deoclecio Francisco Gasparini e esporadicamente contam com o auxílio de pessoas contratadas para dar conta da produção. A rotina do casal inicia cedo por volta das 5h da manhã e Ilce possui um ritual para iniciar seu dia. Ela acorda cedo e antes de iniciar seus afazeres toma seu chimarrão, passa seu protetor solar antes de ir para a ordenha e fazer tudo o que necessita ser feito durante o dia.
E o trabalho é extenso: Recolher a vacas, ordenhá-las, tratar os terneiros e as vacas, limpar e deixar tudo organizado. A noite segue a mesma rotina para a segunda ordenha em que retornam para casa às 21h30 e diversas vezes a meia-noite “Se tem alguma vaca doente precisa de cálcio, precisa de cuidados e a gente não mede esforços, fica lá, salva, a gente cuida, e eu amo tudo isso, sempre amei e vale a pena”.
A rotina cansativa e repetitiva levou Zampieri a ter problemas de saúde e necessitar repensar a profissão. “Eu amo minha profissão, mas tenho que escolher né ou tu continua trabalhando assim ou tu cuida da tua saúde. Então minha decisão já foi escolhida. Eu vou cuidar da minha saúde por indicação médica.”
A produtora reconhece sua luta diária e a de muitas mulheres que escolhem viver e trabalhar no interior e demonstra sua admiração por si e por todas as mulheres do campo. “Se as mulheres da colônia soubessem o valor que elas têm, como elas são lindas, porque elas fazem tudo. Aqui na roça termina o pão tem que fazer, não temos mercado perto pra gente comprar. A massa é a gente que faz, a roupa é a gente que lava, a limpeza somos nós que fazemos,” completa.
Ela também defende que a mulher colona precisa ser vaidosa, se cuidar, ter sua feminilidade. Zampieri além de ser vaidosa, gosta muito de ler, meditar e rezar.
Ao falar dos desafios da mulher que mora na colônia ela ressalta que são muitos, como acordar cedo, trabalhar na agricultura além de todas possuírem suas tarefas em casa e geralmente não se há final de semana, feriado. “Ela tem que se virar, tem que ser mãe, esposa, e no meu caso administradora, veterinária e tem que se virar porque não tem outro jeito,” destaca.
E completa dizendo que mesmo diante dessas dificuldades em nenhum momento se arrepende de ter escolhido trabalhar e morar na colônia e que estes desafios, que foram muitos, só a fizeram crescer.
Fonte: Grupo Solaris – Repórter Taís Vargas