“Somos Todos Essenciais” é o ponto de vista da categoria que vem sendo prejudicada desde 27 de fevereiro
Fechado desde 27 de fevereiro, o comércio dito “não essencial” esteve proibido de abrir as portas por três semanas em todo o Rio Grande do Sul. Lojistas dos setores de calçados e confecções, bem como móveis, eletrodomésticos, entre outros, estão na expectativa pela reabertura do comércio na próxima segunda-feira (22).
Com a projeção de voltar a receber os clientes dentro da loja, a Beneduzi, no centro de Flores da Cunha, conseguiu manter o mesmo quadro de funcionários e foi obrigada a se reinventar. Após 21 dias corridos sem poder atender os clientes de maneira presencial, a loja sofre um prejuízo estimado de 30 a 40% em relação ao mesmo período do ano passado.
De acordo com Mari Siqueira, que falou em nome da Beneduzi, “o comércio foi considerado o vilão da situação, simplesmente mandaram a gente fechar”. Na fachada do estabelecimento, a mensagem que fica aos passantes da rua é: “Somos Todos Essenciais”.
“Um cliente ou outro que se interessa em comprar por Whats App, à distância”, nos conta Mari. Desde o começo do mês, quando a loja começou a trabalhar no esquema de tele entrega, as vendas caíram muito. “O CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas) foi a única entidade pública que apoiou o comércio, ajudando na realização das entregas”, disse ela.
Como consequência do fechamento temporário, o estoque de verão de lojas de vestuário, por exemplo, acaba não sendo vendido na proporção que se espera. Dessa forma, muitos lojistas podem se ver obrigados a promover liquidações para vender o que sobrar desse verão. Vender a preços mais baixos para compensar um menor montante de vendas realizadas, mais uma vez, é sinal de prejuízo para os comerciantes.
“Falta um pouco de empatia das pessoas se colocarem no lugar dos comerciários”, resume Mari, que reforça que os comerciantes têm adotado todos os protocolos de proteção, higienização e vêm respeitando todas as normas visando impedir a proliferação do vírus. Além do mais, lojistas têm enfrentado problemas com a inadimplência dos clientes, que foram instruídos a fazer seus pagamentos de carnês por depósito ou transferência bancária.
Para os empresários de Flores da Cunha e região, manter o vínculo empregatício dos funcionários também tem sido um desafio, já que a rotina de trabalho e os lucros (quando não há prejuízo) diminuíram muito. Desta forma, os próprios funcionários ficam com receio de perder seus empregos.
O governador Eduardo Leite se reuniu, nesta sexta-feira (19), com líderes de associações de municípios e confirmou a retomada da cogestão do sistema de distanciamento controlado a partir da segunda-feira (22). Com a mudança, o comércio poderá voltar a abrir seguindo uma série de protocolos sanitários. Entretanto, as atividades econômicas não serão permitidas das 20h às 5h e aos fins de semana até o dia 4 de abril. Isso significa que no feriadão da Páscoa só as atividades consideradas essenciais poderão funcionar.
Fotos: Igor Panzenhagen