Ana Paula Citolin Rigotto, diretora da Escola São Rafael, fala sobre as dificuldades para professores manterem contato com os alunos que optam pelo ensino remoto
Apesar do retorno das aulas presenciais, uma parte significativa dos alunos da Escola Estadual São Rafael, de Flores da Cunha, optou por acompanhar as aulas de casa. A reportagem da Rádio Solaris conversou com a professora Ana Paula Citolin Rigotto, diretora da instituição, para entender melhor como está funcionando o processo de aprendizagem em tempos de pandemia.
Ana Paula enxerga com preocupação o fato de alguns estudantes, principalmente os do Ensino Médio, terem optado por permanecer assistindo as aulas de forma remota, na modalidade à distância. Nesse formato, o aluno “não tem as aulas síncronas pra tirar dúvidas e ouvir o professor”, explica.
Para entender como funcionam as aulas síncronas, que possuem parte da carga horária presencial, a diretora explica que as turmas foram divididas em duas, cada uma com até 18 pessoas. Por uma semana, de segunda a sexta, a turma A deve comparecer a escola e acompanhar todas as disciplinas na sala de aula, com carga horária reduzida (aproximadamente três horas diárias). Já a turma B acompanha a aula de casa, através da plataforma do Google. Na semana seguinte é feita a troca; quem se dirigia até a escola passa a acompanhar a aula em casa, e vice-versa.
Entende-se que o ensino remoto permite uma maior flexibilidade de horários para o acompanhamento dos conteúdos didáticos, entretanto os professores “sentem dificuldade para chegar até esses alunos”, explica Ana Paula. A decisão pelo retorno presencial ou não parte de cada família, dessa forma o aluno tem a opção de assistir o conteúdo de ensino no modelo de aulas síncronas ou remotas.
“É cômodo pro aluno ficar em casa, não vir na escola num dia de chuva ou num dia de frio”, exemplifica a professora. Ela também cita que a falta de contato direto com o professor, pelos que participam somente do ensino remoto, pode ser prejudicial no processo de aprendizagem. Ana Paula afirma que alguns estudantes não fazem as tarefas solicitadas e o desafio, para os professores, é manter contato com todos os matriculados.
Para dar suporte na realização das atividades online, a escola disponibilizou aproximadamente 15 notebooks e alguns aparelhos celulares para serem emprestados a alunos. Ainda assim, o índice de faltas está muito acima da média, seja para quem optou por aulas síncronas ou remotas.
“Estamos entrando em contato com os pais constantemente’, adverte a diretora, que se preocupa que a falta de contato dos alunos com os professores e com a escola possa acarretar problemas no futuro. Distrações com aparelhos tecnológicos e a falta de disciplina, normalmente estão entre as principais justificativas para a não realização dos trabalhos escolares. Casos extremos de evasão escolar estão sendo tratados com auxílio do Conselho Tutelar.
Ainda assim, “de uma maneira geral está funcionando”, garante Ana Paula. Ela confirma que a grande maioria dos alunos voltou a frequentar a escola de forma presencial. Sobre as aulas remotas, ela opina que “é uma realidade que veio para ficar”. O que se sabe é que o ensino à distância, que vem numa crescente nas instituições de ensino superior pelo país, possibilita mais liberdade ao aluno, entretanto desafia o estudante a ter mais responsabilidade e dedicação.
Fotos: Igor Panzenhagen