Neste ano, a 143ª Romaria contará com programação destinada aos fiéis que vão até o templo para agradecer e fazer preces à Santa
Depois de dois anos sem celebrações com a presença de fiéis no Santuário em Farroupilha, por conta da pandemia de Covid-19, neste ano, o dia 26 de maio, dia de Nossa Senhora de Caravaggio, terá um sentimento especial de retomada para os milhares de peregrinos. Como um símbolo de fé para a população da Serra gaúcha, todos os anos os romeiros percorrem quilômetros a pé para pedir graças e cumprir promessas dedicadas à Santa.
A 143ª Romaria de Nossa Senhora de Caravaggio inicia nesta quinta-feira (26) e segue com a programação até domingo (29). Com quatro dias de festa, o maior Santuário do mundo dedicado à Santa aguarda milhares de visitantes. O tema neste ano do maior evento religioso realizado na Serra é “Fonte de sabedoria, rogai por nós” e recorda a Campanha da Fraternidade deste ano, que destacava os desafios da educação no Brasil.
Além disso, na VRS-810, popularmente chamada de Estrada dos Romeiros, serão instaladas tentas de bem-estar, banheiros químicos e contêineres de lixo para proporcionar um melhor trajeto para os fiéis. Segundo a organização do Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, cerca de 300 mil pessoas são esperadas nas celebrações deste ano.
Uma das grandes novidades desta edição, são as obras de conservação e preservação que os romeiros que forem até o Santuário devem encontrar no interior da igreja. A pintura está sendo renovada e, após o término, os vitrais que estão na cúpula do templo também passarão por reformas.
Confira a programação completa:
Quinta-feira (26)
Missas: 6h, 7h, 8h, 9h, 10h30min, 12h, 13h, 15h, 16h e 17h
Terço: 14h
Sexta-feira (27)
Missas: 9h, 10h30min, 15h, 16h e 17h
Terço: 14h
Sábado (28)
Missas: 6h, 7h, 8h, 9h, 10h30min, 12h, 13h, 15h, 16h e 17h
Terço: 14h
Domingo (29)
Missas: 6h, 7h, 8h, 9h, 10h30min, 12h, 13h, 15h, 16h e 17h
Terço: 14h
Conheça a história de Nossa Senhora de Caravaggio
O município de Caravaggio, terra da aparição, se encontrava nos limites dos estados de Milão e Veneza e na divisa de três dioceses: Cremona, Milão e Bérgamo. Ano de 1432, época marcada por divisões políticas e religiosas, ódio, heresias, assolada por bandidos e agitada por facções, traições e crimes. Além disso, teatro da segunda guerra entre a República de Veneza e o ducado de Milão, passou para o poder dos venezianos em 1431. Pouco antes da aparição, em 1432, uma batalha entre os dois estados assustou o país.
Neste cenário de desolação, às 17h da segunda-feira, 26 de maio de 1432, acontece a aparição de Nossa Senhora a uma camponesa. A história conta que a mulher, de 32 anos, era tida como piedosa e sofredora. A causa era o marido, Francisco Varoli, um ex-soldado conhecido pelo mau caráter e por bater na esposa. Maltratada e humilhada, Joaneta Varoli colhia pasto em um prado próximo, chamado Mezzolengo, distante dois quilômetros de Caravaggio.
Entre lágrimas e orações, Joaneta avistou uma senhora que na sua descrição parecia uma rainha, mas que se mostrava cheia de bondade. Dizia-lhe que não tivesse medo, mandou que se ajoelhasse para receber uma grande mensagem. A senhora anuncia-se como “Nossa Senhora” e diz: “Tenho conseguido afastar do povo cristão os merecidos e iminentes castigos da Divina Justiça, e venho anunciar a Paz”. Nossa Senhora de Caravaggio pede ao povo que volte a fazer penitência, jejue nas sextas-feiras e vá orar na igreja no sábado à tarde em agradecimento pelos castigos afastados e pede que lhe seja erguida uma capela. Como sinal da origem divina da aparição e das graças que ali seriam dispensadas, ao lado de onde estavam seus pés, brota uma fonte de água límpida e abundante, existente até os dias de hoje e nela muitos doentes recuperam a saúde.
Joaneta, na condição de porta-voz, leva ao povo e aos governantes o recado da Virgem Maria para solicitar-lhes – em nome de Nossa Senhora – os acordos de paz. Apresenta-se a Marcos Secco, senhor de Caravaggio, ao Duque Felipi Maria Visconti, senhor de Milão, ao imperador do Oriente, João VIII Paleólogo, no sentido de unir a igreja dos gregos com o Papa de Roma. Em suas visitas, levava ânforas de água da fonte sagrada, que resultavam em curas extraordinárias, prova de veracidade da aparição. Os efeitos da mensagem de paz logo apareceram. A paz aconteceu na pátria e na própria Igreja.
Até mesmo Francisco melhorou nas suas atitudes para com a esposa Joaneta. Sobre ela, após cumprida a missão de dar a mensagem de Maria ao povo, aos estados em guerra e à própria Igreja Católica, os historiadores pouco ou nada falam. Por alguns anos foi visitada a casa onde ela morou que, com o tempo desapareceu no anonimato.
Foto: Leandro Ávila