Apesar de ainda ser proibido, um em cada cinco jovens no Brasil fuma por este dispositivo
Nesta quarta-feira (6), a Anvisa pode começar a votar se mantém ou não a proibição da venda de cigarros eletrônicos. Hoje, o produto é vetado no País, assim como em México, Argentina e Índia. Já em outros países, como Estados Unidos e Reino Unido, o produto é liberado, seguindo diretrizes de relatório recente da OMS.
No Brasil, o tabaco é responsável por cerca de 162 mil mortes anualmente. O número elevado tem preocupado especialistas, porque o uso do cigarro eletrônico tem aumentado exponencialmente nos últimos anos, especialmente entre os mais jovens. De acordo com o INCA, o cigarro eletrônico aumenta em mais de três vezes o risco de experimentação de cigarro convencional e mais de quatro vezes o risco de uso do cigarro. Além disso, o vapor desses dispositivos inclui carcinógenos conhecidos e substâncias citotóxicas, potencialmente causadoras de doenças pulmonares e cardiovasculares.
Dentre as doenças relacionadas ao tabaco, destaca-se o câncer de pulmão, que é o segundo tipo de câncer mais comum em nosso País, responsável por 13% de todos os diagnósticos de doenças oncológicas. Embora existam casos em que o câncer de pulmão não tem relação com o tabaco, 85% de todos os diagnósticos estão associados aos uso do cigarro, segundo dados do INCA.
A boa notícia é que com os avanços da medicina, já existem terapias avançadas, como a imunoterapia, capazes de melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Porém, o sucesso do tratamento está atrelado ao diagnóstico precoce e, por isso, é essencial procurar ajuda médica aos notar os primeiros sintomas da doença, que podem ser confundidos com uma gripe forte, pois incluem tosse persistente por mais de seis meses, dor no peito, rouquidão, pneumonia recorrente ou bronquite e cansaço.
Um em cada cinco jovens usa cigarro eletrônico no Brasil
Uma pesquisa revelou que 20% dos jovens estão usando cigarros eletrônicos, mesmo sendo proibidos no Brasil. Na população em geral, esse índice é bem menor, 7%. Existem vários formatos e tamanhos de cigarro eletrônico, que funciona como um dispositivo que costuma ser acionado por bateria para esquentar um líquido, geralmente com nicotina, que vicia, aromatizantes e outros produtos químicos. Essas substâncias formam um aerossol.
“Não é só vapor de água, já foram detectadas mais de 80 substâncias químicas nesse ‘vapor’ que o cigarro eletrônico libera, alerta Paulo César Corrêa, coordenador da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.
De acordo com os especialistas, para aquecer o filamento, onde fica embebido o líquido, no filamento existem metais como níquel, cromo, latão e outros. Então, se sabe que, quando o fumante de cigarro eletrônico usa esses produtos, ele está inalando níquel, por exemplo”, enfatiza Corrêa.
Uma combinação que, segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia, traz riscos maiores à saúde que o cigarro tradicional, podendo levar a complicações cardiovasculares e pulmonares.
A Anvisa afirmou que é responsável por fiscalizar as vendas on-line dos cigarros, em conjunto com as vigilâncias sanitárias, e que a venda em lojas físicas pode ser denunciada para a Vigilância Sanitária do município.