“Ter tido Covid foi uma experiência para que eu visse o tamanho da minha fé”
Ana Reis é moradora de Ipê e se define como mãe, esposa, integrante do Cenáculo de Maria, voluntária da AAPECAI, atuante no Conselho Tutelar e há dois anos passou por uma das maiores provações da sua vida: Ficou 42 dias em coma devido ao coronavírus. “Ter tido Covid foi uma experiência para que eu visse o tamanho da minha fé.”
Ana relembra que ouviu falar do coronavírus no dia 13 de março de 2020 devido a possibilidade de cancelamento de um evento devido as novas restrições que surgiam. Ouvia-se falar que esta doença afetaria principalmente crianças e aos idosos. Meses depois em uma manhã de agosto ela acordou com uma tosse que parecia ser alérgica foi até o posto de saúde, fez o teste e deu negativo, mas três dias depois começou a sentir dores no corpo, retornou ao médico e o teste deu positivo. Ali uma grande provação se iniciava.
Foi para o Hospital São José onde ficou internada por cinco dias na Ala Covid e a partir dali não consegue se recordar do que aconteceu. Devido à gravidade de seu estado de saúde Reis precisou aguardar vaga em uma UTI de outro Hospital da região. Nesse meio tempo avisaram que ela não poderia ser transferida pois haviam mais cinco ambulâncias com pacientes em deslocamento na mesma situação.
Após um tempo uma vaga surgiu no Hospital Virvi Ramos em Caxias do Sul.”Eu valorizo muito os profissionais do Hospital São José porque eles fizeram uma busca intensa por leitos sem medir esforços e hoje eu entendo que essa vaga na UTI abriu porque alguém partiu”.
Depois da tensão da família de Reis em conseguir um leito a preocupação era como ela responderia a doença e não foi de forma fácil: Ana ficou em coma induzido por 42 dias. “Minha família estava desesperada porque sabiam pelas notícias na mídia que a Covid era uma doença terrível e que muitas pessoas estavam morrendo.”
Fui acordar no dia 26 de setembro. “Foi uma coisa muito louca porque eu não podia falar pois estava entubada, não podia me mexer. Me vi em uma salinha toda de vidro e minha cama cheia de aparelhos.” Ela não lembrava de nada, nem que possuía família sua única certeza era sua fé em Nossa Senhora a qual pedia forças para voltar. Ana Reis foi reapresentada pelo médico a sua família e isso lhe causava mais ansiedade queria lembrar-se deles, mas não conseguia.
A mulher devota confidencia que durante todo esse tempo em que passou internada tinha muitos sonhos com lugares, pessoas conhecidas, crianças da comunidade, entre outros que eram tantos que ao retomar a consciência disse ao médico que vinha do Rio de Janeiro, o que logo lhe foi explicado não ser verdade, pois ela havia vindo de Antônio Prado.
Segundo os médicos lhe disseram ela chegou até o Hospital com 80% do pulmão comprometido e se demorassem mais meia hora para transferi-la ela não teria sobrevivido.
Na recuperação foi um período longo que contou com profissionais de fisioterapia, fonoaudiologia, traqueostomia, chegou a receber uma transfusão de plasma de pessoas que já haviam passado pela Covid.
Conforme Reis melhorava e seu tratamento evoluía chegou o dia em que foi transferida da UTI Covid para a UTI 2. ” Eu queria muito sair da Ala Covid e quando saí eu logo pedi pra voltar. Eu não queria ficar lá porque era onde eu via pessoas agonizando, partindo e no momento eu era a que estava em estado melhor. Sofri muito em ver aquelas pessoas daquela forma. Eu fiquei três dias na UTI de olhos fechados porque tinha medo do que eu via lá”. E foi nesse momento que um milagre acontece em sua vida.
“Um dia eu estava lá de olhos fechados e quando os abri em um momento vi uma imagem passando nos pés da minha cama e aí fechei os olhos novamente e quando os abri vi que aquela imagem fez a volta ao redor de minha cama sorrindo. Era a imagem de uma santa, mas no momento não me veio em mente seu nome. Ela tinha um véu preto e sua veste era um pouco escura”.
No mesmo instante em que a imagem surgiu ela sumiu rapidamente. Dias depois do ocorrido sua família veio a visitar e ela confidenciou a seu marido que uma santinha havia vindo visitá-la e se ele acreditava que isso havia acontecido. “Ele me disse: Vindo de você eu acredito, pois sei de toda a fé que tu tem e todo o trabalho voluntário que você faz. Em você eu acredito!”.
E continuou perguntando a esposa se ele contasse algo a ela acreditaria nele e Ana respondeu prontamente que sim. Ele então contou que ela havia recebido de um amigo uma imagem de Santa Terezinha, a santa das rosas e pelas características que Ana havia lhe dado ele tinha certeza ela havia recebido a visita de Nossa Senhora das Rosas.
“Acredito que nada na vida da gente é por acaso, precisamos ter fé e eu não sabia o tamanho da minha e os próprios médicos me disseram: Eram uma equipe de sete profissionais e seis deles me dizem que não sabem como estou viva, devo ter muita fé e muitos amigos lá fora que oraram por mim.
E realmente tudo que Ana passou foi um milagre que a deixou sem nenhuma sequela. “No dia que entrei no hospital, entrei junto a nove pessoas e somente eu sobrevivi. Estou viva nesse mundo porque sou teimosa!” brinca.
“Dei alta no dia 14 de outubro e fui para casa com um só tratamento a seguir: Viver a vida!”