Em visita de rotina, irmã Chiara Francesca Lacchini reforça importância das religiosas na comunidade e fala sobre desafios das vocações
A madre superiora da Federação Italiana das Clarissas Capuchinhas, irmã Chiara Francesca Lacchini, está em Flores da Cunha nesta semana para uma visita de rotina ao Mosteiro Nossa Senhora do Brasil. Prevista pelas normas canônicas, a visita ocorre a cada seis anos com o objetivo de acompanhar a vida das irmãs, suas dificuldades e perspectivas para o futuro.
Durante a passagem pelo município, irmã Chiara recebeu a reportagem da Rádio Solaris FM 99.1 e descartou a possibilidade de fechamento do mosteiro, mesmo diante da diminuição de vocações. Sua manifestação ocorre no contexto da recente saída da Congregação das Irmãs de São José, que encerrou sua residência na cidade em junho, após 124 anos de presença.
“Não estamos pensando em fechar o mosteiro. Enfrentamos a diminuição das vocações, como acontece em toda a Europa e em outras partes do mundo, mas estamos nas mãos de Deus e confiamos que a vida religiosa seguirá seu caminho”, afirmou a madre superiora.
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A presença das Clarissas em Flores da Cunha remonta a 1979, quando as irmãs vieram ao Brasil a convite dos Freis Capuchinhos. Inicialmente, ficaram hospedadas com as Clarissas de Porto Alegre e, em 1º de fevereiro daquele ano, mudaram-se para uma casa em Caxias do Sul, aguardando a conclusão do mosteiro na cidade serrana. Em 1º de outubro de 1981, a comunidade finalmente se estabeleceu em Flores da Cunha, com o Mosteiro Nossa Senhora do Brasil inaugurado oficialmente em 8 de dezembro.
A madre superiora destacou ainda a relação do mosteiro com a comunidade local. “Um mosteiro não é algo isolado. Ele vive da interação com as pessoas, não apenas as que frequentam a igreja, mas também aquelas que buscam uma palavra ou acolhida”, disse.
Após 22 anos de serviço em Flores da Cunha, a ordem expandiu sua atuação e fundou um novo mosteiro em Macapá, no Amapá, em agosto de 2003. Atualmente, a Ordem das Clarissas Capuchinhas conta com cinco mosteiros no Brasil, e em Flores da Cunha residem atualmente cinco irmãs.
Apesar das dificuldades, irmã Chiara ressaltou que a experiência de fé das Clarissas deve dialogar com o mundo atual, marcado pela internet e pelas novas formas de comunicação. “Não devemos ter medo das redes sociais. É preciso discernimento para usá-las bem, porque também podem aproximar e fortalecer nossa missão”, acrescentou.
A visita ocorreu durante as celebrações dos 150 anos da colonização italiana na Serra Gaúcha. Sobre o momento, a madre superiora deixou uma mensagem de esperança: “Nossa vida não é de isolamento, mas de partilha e solidariedade. Que esta comemoração não seja apenas memória do passado, mas também um convite para continuar fazendo coisas belas para as próximas gerações”, concluiu.