Relatório revela que 37% sentem insegurança à noite no entorno da residência e que mulheres e jovens negros percebem maior risco de violência
Um levantamento da PUCRS mostra que a violência é parte da rotina de muitos jovens no Rio Grande do Sul. Segundo a segunda edição do Boletim – Juventudes, 20,6% afirmam ter presenciado trocas de tiros ou brigas com arma de fogo nas proximidades de suas casas. O estudo foi divulgado nesta terça-feira (12), data em que se celebra o Dia Internacional da Juventude.
A pesquisa, baseada em dados da PNAD Contínua de 2021, indica que 12,4% relatam ocorrência de assassinatos no entorno da residência, 20,2% registram assaltos ou roubos violentos e 25,8% apontam a presença de venda de drogas ilegais na vizinhança. A sensação de insegurança é ainda mais expressiva: 19,7% se sentem inseguros durante o dia e 37,6% à noite. Entre mulheres, o índice noturno chega a 42,7%, e na região metropolitana alcança 56,9%.
De acordo com a coordenadora do Observatório Juventudes, professora Patrícia Espíndola de Lima Teixeira, a pesquisa mede a percepção de risco — influenciada por experiências pessoais, ambiente social e fatores como gênero, etnia e condição socioeconômica — e não apenas a vitimização real. O professor André Salata, do PUCRS Data Social, acrescenta que jovens de áreas urbanas, especialmente metropolitanas, sentem-se mais vulneráveis.
O boletim também aponta que 33,8% consideram alta ou média a chance de serem assaltados com violência na rua, 13% temem ser vítimas de bala perdida e 8,2% temem ser confundidos com criminosos pela polícia — índice maior entre jovens negros.
Para lidar com o medo, quase metade dos entrevistados evita chegar ou sair muito tarde de casa e adota outros cuidados, como não usar celular em locais públicos. Apesar do cenário, a confiança nas instituições é relativamente alta: 78% confiam na Polícia Civil, 75,1% na Polícia Militar e 59,5% na Justiça. Segundo o professor Rodrigo Azevedo, do GPESC-PUCRS, esses números indicam que, mesmo expostos à violência, os jovens mantêm expectativa de que as instituições possam proteger e garantir direitos.