Os 133 cardeais votantes se reúnem às 11h30 na Capela Sistina
Os cardeais católicos romanos iniciam nesta quarta-feira (7), às 11h30 (horário de Brasília, 16h30 em Roma) a tarefa de eleger um novo papa, isolando-se do mundo até escolherem o homem que esperam que possa unir uma Igreja global, diversificada, mas dividida.
Em um ritual que remonta aos tempos medievais, os cardeais entrarão na Capela Sistina, após uma missa pública na Basílica de São Pedro, e começarão o conclave secreto para eleger o sucessor do papa Francisco, que morreu no mês passado.
Há séculos, nenhum papa é eleito no primeiro dia de um conclave, portanto, a votação pode continuar por dias antes que um dos cardeais de chapéu vermelho da Igreja receba a maioria necessária de dois terços para se tornar o 267º pontífice.
Nesta quarta, haverá apenas uma votação. Depois disso, os cardeais poderão votar até quatro vezes por dia.
As cédulas serão queimadas, com a fumaça preta de uma chaminé instalada no telhado da capela marcando uma votação inconclusiva, enquanto a fumaça branca e o toque dos sinos sinalizam que a Igreja, que congrega 1,4 bilhão de membros, tem um novo líder.
A influência do papa vai muito além da Igreja Católica, proporcionando uma voz moral e um chamado à consciência que nenhum outro líder global pode igualar.
Pré-conclave
Em uma missa na Basílica de São Pedro na manhã desta quarta, antes de entrar para o conclave, os cardeais rezaram para que Deus os ajude a encontrar um papa que exerça “cuidado vigilante” sobre o mundo.
Em um sermão, o cardeal italiano Giovanni Battista Re disse a seus pares que eles deveriam deixar de lado “toda consideração pessoal” ao escolher o novo pontífice e ter em mente “apenas … o bem da Igreja e da humanidade”.
Re, o decano do Colégio de Cardeais, tem 91 anos e não participará do conclave, que é reservado para cardeais com menos de 80 anos.
Nos últimos dias, os cardeais ofereceram diferentes avaliações sobre o que estão buscando no próximo pontífice.
Enquanto alguns pediram a continuidade da visão de Francisco de maior abertura e reforma, outros disseram que querem voltar no tempo e abraçar antigas tradições.
Muitos indicaram que querem um pontificado mais previsível e comedido.
O cardeal salvadorenho Gregorio Rosa Chávez disse que não acha que os cardeais vão se afastar da visão de Francisco para a Igreja.
“Não haverá um retrocesso”, disse Rosa Chávez, de 82 anos, ao jornal Corriere della Sera. “Isso não é possível.”
“Quem quer que seja escolhido, acho que será um papa que continuará o trabalho iniciado por Francisco”, afirmou ele.
Um número recorde de 133 cardeais de 70 países entrará na Capela Sistina, contra 115 de 48 nações no último conclave em 2013 – um aumento que reflete os esforços de Francisco para estender o alcance da Igreja a regiões distantes com poucos católicos.
Nenhum favorito claro surgiu, embora o cardeal italiano Pietro Parolin e o cardeal filipino Luis Antonio Tagle sejam considerados.
Sem comunicação
No entanto, se rapidamente se tornar óbvio que nenhum deles pode vencer, os votos provavelmente serão direcionados a outros candidatos, com os eleitores possivelmente se unindo em torno da geografia, afinidade doutrinária ou idiomas comuns.
Entre outros possíveis candidatos estão Jean-Marc Aveline, da França; Peter Erdo, da Hungria; Robert Prevost, dos Estados Unidos; e o italiano Pierbattista Pizzaballa.
Re sugeriu que os cardeais deveriam procurar um papa que respeite a diversidade dentro da Igreja.
“Unidade não significa uniformidade, mas uma comunhão firme e profunda na diversidade”, disse ele em seu sermão.
Como nos tempos medievais, os cardeais são proibidos de se comunicar com pessoas de fora durante o conclave, e o Vaticano tomou medidas de alta tecnologia para garantir o sigilo, incluindo dispositivos de interferência para impedir qualquer escuta.
A duração média dos últimos 10 conclaves foi de pouco mais de três dias e nenhum durou mais de cinco dias. O conclave de 2013 durou apenas dois dias.
Fonte: Agência Brasil