Deise Moura dos Anjos também foi apontada como culpada pela morte do sogro, em setembro
A Polícia Civil concluiu nesta sexta-feira (21) que Deise Moura dos Anjos foi responsável por envenenar e matar quatro familiares no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, em 2024. As investigações apontam que três vítimas morreram em dezembro após ingerirem um bolo com arsênio em Torres, enquanto o sogro de Deise faleceu três meses antes ao consumir bananas com leite em pó também envenenados, na cidade de Arroio do Sal.
O inquérito soma mais de mil páginas, sendo 400 delas dedicadas ao caso do sogro. A polícia concluiu que Deise cometeu quatro homicídios triplamente qualificados — por motivo fútil, uso de veneno e dissimulação. No entanto, não houve indiciamento, já que Deise foi encontrada morta no último dia 13 de fevereiro em sua cela na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba. Com sua morte, o Código Penal prevê a extinção da punibilidade.
“Ela é a única autora desse fato criminoso. E, por isso, em razão do seu falecimento, houve a extinção da punibilidade”, afirmou o chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Sodré.
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Perturbação mental é a principal hipótese
Durante as investigações, a Polícia Civil descartou qualquer motivação financeira para os crimes. A principal hipótese é que Deise sofria de perturbação mental.
A polícia também apura como Deise conseguiu adquirir arsênio, já que a compra da substância é rigidamente controlada pela legislação, exigindo apresentação de documentos, justificativa de uso e destino do produto.
O caso
Os crimes ocorreram dias antes do Natal de 2024, quando sete familiares se reuniram para um café da tarde em Torres. Após consumirem fatias do bolo com arsênio, três mulheres morreram: Maida Berenice Flores da Silva, sua irmã Neuza Denize Silva dos Anjos e Tatiana Denize Silva dos Anjos, filha de Neuza.
O bolo havia sido preparado por Zeli dos Anjos, sogra de Deise, que levou o doce de Arroio do Sal para Torres. Segundo a investigação, Zeli era o verdadeiro alvo do envenenamento, mas sobreviveu após ser hospitalizada, recebendo alta em janeiro. Uma criança de 10 anos, que também ingeriu o bolo, foi hospitalizada e se recuperou.
Meses antes, em setembro, o sogro de Deise havia morrido após consumir alimentos envenenados. Com a conclusão do inquérito, a polícia encerra as investigações sobre um dos casos de envenenamento mais complexos já registrados no Litoral Norte gaúcho.