Mistério da morte de condutor de Uber solucionado pela polícia de Vacaria
Escrito por Ronei Marcilio em setembro 29, 2020
O carro foi encontrado no dia 28 de setembro de 2019 e o corpo no dia 13 de outubro
Polícia Civil de Vacaria conclui investigações sobre o homicídio qualificado de Matheus Pereira de Campos, 33 anos ocorrido no dia 28 de setembro de 2019 em Campestre da Serra.
Campos era morador de Caxias do Sul e motorista do aplicativo, o carro dele, um Nissan March, foi encontrado incendiado no amanhecer do dia 28 em uma estrada vicinal da cidade dos Campos de Cima da Serra. Campestre fica a 35 Km de Vacaria e a 75 km de Caxias do Sul.
No dia em que o carro foi encontrado e Matheus dado como desaparecido, a Polícia Civil iniciou os trabalhos de investigação.
O corpo de Matheus só foi encontrado dia 13 de outubro. Ele estava parcialmente enterrado, com as mãos e pescoço amarrados e com um tiro no rosto, o que caracteriza ocultação de cadáver, ele foi encontrado por um agricultor. A partir dali, tecnicamente, o caso passava a ser tratado como homicídio qualificado, não mais como desaparecimento de pessoa. Foi feito registro de ocorrência, encaminhamento a necropsia, pesquisa de chamadas à UBER, tomada de depoimentos, entrevistas, encaminhamento a exame, pregressa da vítima, tudo isso foi realizado já a partir do sábado.
Essas diligências, realizadas ainda no final de semana, foram cruciais à determinação de linha de investigação que se firmou na semana seguinte, levando uma pessoa das relações de Matheus à qualidade de suspeita.
A Polícia conseguiu provas e indiciou quem mandou matar o motorista, tendo havido duas representações por prisões.
Mesmo com o mandante indiciando, a Polícia Civil nunca cessou as investigações, realizando inúmeras diligências em Vacaria, Campestre da Serra e São José dos Ausentes, utilizando as modernas técnicas de investigação, que levaram ao desbaratamento do mandante e executores.
A polícia teve certeza da linha de investigação quanto aos demais, quando foi encontrado próximo à ponte do Koerf um GM Vectra, há dez quilômetros do local do homicídio. O carro foi usado pelos executores.
No caso investigado ficou claro que a pessoa que mandou matar adotou inúmeros cuidados, que pessoas comuns não tomariam.
Mesmo assim, a investigação nunca cessou e só prosperou de modo silencioso. Primeiro, ao indiciamento de quem mandou matar, e depois, aos executores.
Dois dos três indivíduos que são apontados pela Polícia Civil como executores diretos do crime, dois estão presos em Vacaria por outro crime. São de Vacaria, e já foram indiciados por dezenas de furtos e roubos.
Quando interrogada, a pessoa que mandou cometer o crime, que é de Caxias do Sul, mentiu nas três vezes que foi ouvida pela Polícia Civil.
Os demais três co-indiciados, que são de Vacaria e foram assistidos por advogado, preferiram nada declarar – direito constitucional .
O Inquérito Policial será remetido na sexta-feira, após a conclusão e elaboração do relatório final pela autoridade policial.
As investigações foram presididas pelo Delegado Anderson Silveira de Lima, e realizadas pela Delegacia de Polícia de Campestre da Serra (Escrivão Airton Rosado dos Reis) e Seção de Investigações da DP Vacaria (Comissários e Inspetores Ronaldo Pires, Carlos Girardi, Guiarone Képeler, Marilene Bertelli, Karine Oliveira), com participação também do Delegado Carlos Alberto Defaveri, Inspetores Michel Nunes, João Guilherme Suzin e Everaldo Marcon.
Na foto, reunião dos Policiais Civis com familiares de MATEUS, realizada hoje à tarde, 29.09.2020.

“Fazemos esse tipo de reunião aos familiares quando encerradas as investigações de crimes graves, pois no curso dos trabalhos nem tudo pode ser informado à família”, disse o delegado.
Assim, através do trabalho, a Polícia tenta levar o mínimo de conforto à terrível perda, e viabiliza que a Justiça seja feita adiante, via competente processo judicial.
Quanto às modernas técnicas de investigação, estas não serão tornadas públicas, pois, se num primeiro momento despertam a admiração, por outro acabam prevenindo os executores de maldades assim, e tornam mais difíceis investigações futuras. “Conte-se o milagre, não o Santo”, disse Defaveri.
Imagens e Informações/Policia Civil de Vacaria