Decisão aponta falta de provas e impossibilidade de estabelecer relação direta entre as condutas dos acusados e o incêndio que matou 10 jovens do Flamengo em 2019
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) absolveu, nesta terça-feira (22), os sete réus que ainda respondiam pelo incêndio no Ninho do Urubu, ocorrido em 2019, que vitimou 10 jogadores das categorias de base do Flamengo. A sentença foi publicada pela 36ª Vara Criminal da Comarca da Capital e assinada pelo juiz Tiago Fernandes de Barros.
O magistrado entendeu que não há provas suficientes para sustentar uma condenação e apontou a ausência de demonstração de culpa penal. Segundo ele, não foi possível estabelecer relação de causa e efeito entre as condutas individuais dos réus e o incêndio. Além disso, destacou que nenhum dos acusados tinha responsabilidades diretas sobre a manutenção ou segurança elétrica dos alojamentos onde os jovens estavam.
Ao todo, 11 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Duas delas — o ex-diretor de base Carlos Noval e o engenheiro Luiz Felipe Pondé — tiveram a denúncia rejeitada em 2021, enquanto o monitor Marcus Vinícius Medeiros foi absolvido na mesma decisão.
O ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, também foi retirado do processo em fevereiro deste ano, após o MP-RJ reconhecer a prescrição do caso em razão da idade dele, atualmente com 72 anos.
Os sete réus absolvidos nesta terça-feira respondiam por incêndio culposo (dez vezes) e lesão corporal (três vezes). Entre eles estão Antonio Marcio Mongelli Garotti, Claudia Eira Rodrigues, Danilo da Silva Duarte, Fabio Hilario da Silva, Weslley Gimenes, Edson Colman da Silva e Marcelo Maia de Sá.
Outros processos relacionados à tragédia ainda tramitam. Em julho deste ano, a Justiça do Trabalho condenou o Flamengo a indenizar o ex-segurança Benedito Ferreira, que atuou no resgate das vítimas, em R$ 600 mil por danos morais e materiais. A decisão também prevê o pagamento de pensão vitalícia até os 78 anos do funcionário, que desenvolveu uma doença psiquiátrica grave após o episódio.